domingo, 15 de outubro de 2017

O MUNDO DOS IDIOTAS TRANSVIADOS


Transvalorar para mutilar o tecido social...

Francisco de Goya - Saturno devorando um filho. Museu do Prado 


A perda dos valores , a destruição da sociedade e o niilismo que nos contamina.

No mundo dos idiotas transviados, o politicamente correto, o ativismo judicial, o supremacismo vitimizador, o biocentrismo fascista, a ideologia de gênero e tantas outras "bandeiras de luta", contribuem para o progressivo esgarçamento da ordem e a perda de valores que esteiam nossa civilização. Não constituem, porém, ações diversas. Configuram partes de uma mesma postura, niilista, destruidora e letal. 

A praga do Niilismo

A "transvaloração de todos os valores", para Nietzsche, é o derradeiro objetivo do niilismo. 

Niilista é aquele que considera infundados todos os valores e crenças, não havendo qualquer sentido ou utilidade na sua existência. 

Assim, para Nietzsche, a missão da nova moral consistiria na “transvaloração de todos os valores, em um desprender-se de todos os valores morais, e um confiar e dizer sim a tudo o que até aqui foi proibido, desprezado, maldito”(1). 

Nietzsche propunha a transvaloração por entender que não se podia confiar nos conceitos de moral tradicionalmente recebidos, uma vez impostos pela "ordem dominante" (judaico-cristã). Assim, a transvaloração seria o questionamento dos valores supondo-os transmitidos como absolutos.

Em “Genealogia da Moral: Uma Polêmica”, o filósofo alemão afirma: “não vejo ninguém que tenha ousado fazer uma crítica dos juízos de valores morais" (...). "Até o momento ninguém examinou o valor da mais famosa das medicinas chamada moral". (...). "Esse é justamente nosso projeto”(2).

Pura pretensão... Nietzsche imaginava diferir, mas não diferia em nada dos demais filósofos vanguardistas, contestatários de sua época e dos "reféns da vanguarda" que a ele se seguiram. 

Do Anarquismo ao Nazifascismo, da Comuna de Paris à Escola de Frankfurt, Marx, Nietzsche, Schumpeter, Sartre e Marcuse, tudo ganha a mesma coloração parda, indefinida, em prol da "destruição criativa", como condição para se alcançar o paraíso platônico.

"Eis o que devemos almejar: a crítica implacável de tudo quanto existe. Digo implacável em dois sentidos: a crítica não deve temer suas próprias conclusões, nem o conflito com os poderes a que se dirige", escrevera Karl Marx a um amigo em 1843, cinco anos antes do "Manifesto Comunista".*

Marx também não era original. Copiava (e mal) o que pregava a maçonaria italiana em 1822, no auge de sua batalha revolucionária contra a igreja católica, em prol do Estado Laico: "Para propagar a luz, é conveniente e útil dar impulso a tudo aquilo que proporciona a mudança. O essencial é isolar o homem de sua família, fazê-lo perder sua moral."(3) 

Na ebulição de novas ideias e constatações revolucionárias que marcaram o Século XIX, o vanguardismo terminou por condicionar a mudança das estruturas econômicas, sociais e políticas à adoção de uma postura niilista. Foi assim que o vanguardismo niilista contaminou a filosofia no Século XIX, orientou o radicalismo político no Século XX e parece estar formatando o caráter cínico e hipócrita das relações de Estado no Século XXI. 

O niilismo, definitivamente, é a praga na formação do homem moderno. 

O niilismo e os transviados

Graças ao bom Deus, essa doença vanguardista-niilista da transvaloração de todos os valores não contaminou cabeças iluminadas que, ao fim e ao cabo, em vários momentos dos últimos duzentos anos, trataram de "por a casa em ordem". 

É o caso do maior filósofo do Século XX, Karl Popper, que observou, em primeiro lugar, o fato de a instauração de regimes “salvadores” sempre exigir a selvageria de um movimento revolucionário para reformar toda a ordem existente “sem deixar pedra por virar”. 

Popper identificou a origem enviesada deste vanguardismo destruidor "de tudo o que está aí": Platão, sua engenharia social utópica de República - um convite ao totalitarismo. 

Essa engenharia social platônica em prol da utopia, visando "recriar" o ser humano, gerou todas as aberrações que custaram milhões de vidas no Século XX. Platão, reformatado, influenciou a formulação das visões niilistas que inspiraram os regimes totalitários e marcaram os conflitos mundiais. 

“Tanto Platão quanto Marx sonharam com uma revolução apocalíptica que transfiguraria radicalmente todo o mundo social”, afirmou Popper em "A Sociedade Aberta e Seus Inimigos".(4)

Utopias à parte, a experiência de vida e o inafastável conhecimento da história revelam: Sem valores a personalidade desaba. 

Não por acaso, a mutilação da personalidade propicia a destruição e o totalitarismo. É apanágio dos cínicos, dos homicidas, dos suicidas, dos totalitários. É atributo, também, dos militantes sem causa e do ativismo sem conteúdo.

Daí porque a transvaloração niilista traduz fielmente o momento atual por que passamos, de completa imbecilização das performances contestatárias que nos assaltam diuturnamente.

A transvaloração niilista está inoculada no nosso cotidiano nacional. Ela gera transvias comportamentais pretensamente contestatárias e reproduz agentes transviados. Motiva a agressão programada dos idiotas inoculados nas grandes mídias contra os "valores burgueses" da sociedade - valores que passam a ser taxados como "fobias sociais" e "moralismo repressor". 

Essa transvaloração de transidiotias se reflete na performance dos cuspidores de imagens, postados em frente ao MASP, que conspurcavam fotografias de políticos "golpistas" durante o processo de impeachment de Dilma Rousseff. Ela estána raiz das manifestações transgressivas da ideologia de gênero. Compõem também, o horizonte do pretensamente "asseptico" do "ativismo judicial", que desconstrói a Ordem a pretexto de reordená-la.

Não é fenômeno tupiniquim. Ocorre por certo no mundo todo. Das reações separatistas dos boquirrotos sem causa, passando pelo atirador a esmo da janelas do hotel em Las Vegas, até os supremacistas brancos, negros, gays, transgêneros, feministas e, também, feminicidas radicais terroristas, que massacram vítimas com requinte de crueldade em nome da paz e da harmonia do iluminado profeta de Alah...

Recentemente, nas redes sociais a professora e pedagoga Marilene Nunes vaticinou:

"Está tomando forma amplo processo de IDEOLOGIZAÇÃO da vida como nunca se viu antes em toda a história da humanidade. Seu objetivo é o de transformar a maneira como encaramos a vida e a vivemos. Suas pautas e agendas são: ecologismo, sexualidade, trabalho, educação e cultura. Sua tática, o uso da democracia pra impor privilégios como direitos, com base na demanda do DESEJO e, assim, detonar com os sistemas jurídicos das sociedades modernas."

Essa transvaloração de todos os valores, segundo a professora, pretende "a despersonalização do individuo pela rejeição da sua identidade sexual e bioemocional. Saturno está comendo seus filhos."(5)

Transidiotas exterminam nascituros para consolidar a liberdade

O efeito global dessa ação niilista destrutiva desconstrói a figura da autoridade, corrói a organização política da sociedade, deforma cognitivamente o caráter das novas gerações, fulmina a família como núcleo institucional, desacredita o regime democrático e transforma o pluralismo em condomínio de rancores, supremacismos de minorias barulhentas.

É nesse ambiente pulverizado, que operadores niilistas do direito ascendem à categoria de "aiatolás" da nova ordem "politicamente correta". Senão vejamos: 

Um exemplo definitivo é o voto do transvalorado ministro do Supremo Tribunal Federal Luis Roberto Barroso, em defesa do "direito ao aborto", sem causa, de nascituros com três meses de gestação : 

“A criminalização é incompatível com os seguintes direitos fundamentais: os direitos sexuais e reprodutivos da mulher, que não pode ser obrigada pelo Estado a manter uma gestação indesejada; a autonomia da mulher, que deve conservar o direito de fazer suas escolhas existenciais; a integridade física e psíquica da gestante, que é quem sofre, no seu corpo e no seu psiquismo, os efeitos da gravidez; e a igualdade da mulher, já que homens não engravidam e, portanto, a equiparação plena de gênero depende de se respeitar a vontade da mulher nessa matéria”. (6)

O entendimento é totalmente manipulado. Basta ler o que diz o art. 4º, 1. da Convenção Interamericana de Direitos Humanos (“Pacto de São José da Costa Rica”):

“Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve ser protegido pela lei e, em geral, desde o momento da concepção. Ninguém pode ser privado da vida arbitrariamente”.

Como salienta o jurista Francisco Ilídio Ferreira Rocha:

“Reconhecendo o caráter constitucional dos textos convencionais que versam sobre Direitos Humanos, o Pacto de San José da Costa Rica é categórico ao dizer que ninguém poderá ser privado arbitrariamente da própria vida e a proteção da existência vital tem como marco inicial, em regra, a concepção.” (...) “Sendo assim, não só existe um critério adequado para firmar uma solução jurídica sobre o início da proteção da vida humana, mas também ele é decorrente de um texto convencional de elevada importância do qual o Brasil é signatário.”

Tal qual apontou o jornalista Felipe Moura Brasil (7), como todo niilista de esquerda, Barroso, quando não concorda com uma solução jurídica, diz que ela não existe.

Quem vai pagar por isso?

O exemplo acima, é demonstração cabal do potencial homicida da transvaloração de todos os valores, hoje travestida pelo manto do "politicamente correto". 

Como já apontado por mim em vários outros artigos, o ativismo judicial, o supremacismo vitimizador, o biocentrismo fascista, a ideologia de gênero e tantas outras "bandeiras de luta", não apenas contribuem para o progressivo esgarçamento da ordem de valores que esteia nossa civilização como, com certeza, matam... até mesmo quem não possui qualquer chance de se defender...

Ante essa perspectiva, a obra prima do compositor Lobão serve como mantra para os que ainda pretendem manter a sanidade nesse mundo de idiotas transviados: 

"Eu sei que já faz muito tempo que a gente volta aos princípios,
Tentando acertar o passo, usando mil artifícios. 
Mas sempre alguém tenta um salto, e a gente é que paga por isso. 
Fugimos para as grandes cidades, bichos do mato em busca do mito 
De uma nova sociedade, escravos de um novo rito.
Mas se tudo deu errado, quem é que vai pagar por isso? 
Eu não quero mais nenhuma chance, eu não quero mais revanche."

Os idiotas passam. Sempre passaram nos últimos dois séculos. Deixam, no entanto, um rastro de destruição, injustiça e morte. Terminam vencidos pela ordem natural da coisas.

A ordem natural das coisas não se deixa confundir pelo niilismo e não se altera pelas utopias. 

Fora do mundo dos idiotas transviados, a vida é plena de razão. Ela é plural, sofre mudanças e experimenta uma contínua evolução. Exige porém, sobretudo valores, e não dispensa o vetusto exercício didático da paciência.

Notas: 

1- NIETZSCHE, Friedrich. "Ecce Homo", in “Aurora”, § 1.
2- NIETZSCHE, Friedrich. No prefácio de "Genealogia da moral", § 2.
3- Carta de 18 de janeiro de 1822, citada por Crétineau-Joly, em L’Eglise romaine en face de la Révolution, t. II, pág. 104
4- POPPER, Karl. "A Sociedade Aberta e Seus Inimigos", p.180
5- NUNES, Marilene. Em https://www.facebook.com/marilene.nunes.7311/posts/1133248630143958
6- STF - HC 124306, Relator Min. MARCO AURÉLIO, Relator p/ Acórdão Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em 09/08/2016, publ. 17-03-2017
7- MOURA BRASIL, Felipe. "Os truques de Barroso e PSOL para legalizar o aborto", Revista Veja
*- LASSUS, Arnaud de. "A Escola de Frankfurt e a Revolução Cultural", in http://permanencia.org.br/drupal/node/5194

Por: Antonio Fernando Pinheiro Pedro, advogado (USP), jornalista e consultor ambiental. Sócio diretor do escritório Pinheiro Pedro Advogados. Integrante do Green Economy Task Force da Câmara de Comércio Internacional, membro do Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB, das Comissões de Política Criminal e de Infraestrutura e Sustentabilidade da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB/SP. É membro do Conselho Consultivo da União Brasileira de Advocacia Ambiental, Vice-Presidente Jurídico da Associação Paulista de Imprensa - API, Editor-Chefe do Portal Ambiente Legal e responsável pelo blog The Eagle View.

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Olavo de carvalho fala quem era realmente Che Guevara

Capítulo 2 - A Vila Rica - A Última Cruzada HD

Escravidão no Brasil | Paulo Cruz

QUANDO O BOM SENSO DE DONA REGINA CALOU OS INTELECTUAIS GLOBAIS

Os seres humanos já conseguem perscrutar um átomo até quase a sua última substância visível ou detectável, já saímos do globo terrestre em busca de novos mundos, novas possibilidades e até mesmo de novas vidas, tudo isso muito bem delineado em sistemas intrincados de cálculos e inferências lógicas. Entretanto, esses mesmos seres humanos inteligentíssimos, por vezes, relativizam coisas banais do dia a dia e minam os próprios princípios régios e universais que possibilitaram seu desenvolvimento científico e tecnológico. Como dizia Scott Randall Paine, comentando o pensamento de Chesterton: o cientista moderno “foi ensinado a fixar sua imaginação confusa nos bilhões de átomos sobre os quais se senta, e a esquecer a cadeira” (PAINE, 2008, p. 49).

Em nossa era o chamado senso comum se tornou sinônimo de inverdade ou de conhecimento sem bases confiáveis, mas podemos admitir que o senso comum é o conhecimento que mantém a sociedade minimamente organizada. Do direito natural apenas podemos ter intuições, inclinações e percepções primárias daquilo que é certo e errado, o “bom” só o conhecemos através da moral, que por sua vez não é passível de testes laboratoriais e revisões anatômicas. Entretanto, o senso comum que diz que matar um feto no ventre materno é um mau, não é impossível de ser racionalizado e defendido com premissas e conclusões lógicas.

Princípios como o da democracia e o da liberdade são conceitos sustentados por tradições, hábitos, e contratos sociais, e não por descobertas científicas e nem por algoritmos colossais — o que não invalida, por sua vez, a sua realidade e necessidade na humanidade. Ninguém em sã consciência negaria o princípio da liberdade de expressão como pilar de uma sociedade sadia, assim como não aprovaria que o seu filho de 4 anos mantivesse relações sexuais com o seu vizinho; ainda sim, tais verdades não passaram pelo crivo científico de Descartes e nem por nenhum laboratório da NASA para se tornarem princípios incontestes e basilares.
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E é bom afirmar: longe de mim querer contrapor ciência — ou conhecimento acadêmico — e senso comum, ambos são extremamente necessários e, justamente por serem necessários, devem conviver em harmonia. Há como intelectuais se nutrirem das benesses do senso comum, assim como as donas de casa da ciência moderna. O que eu exponho aqui é a importância do senso comum contra um intelectualismo ideológico; contra o conhecimento acadêmico utilizado de modo parcial e vadio.

Tendo isso em mente, a questão a ser debatida é: como os intelectuais progressistas sempre tendem à vergonha justamente por ostentarem um discurso de soberba academicista pautada num cientificismo de feira. Um fato extremamente ilustrativo aconteceu no programa Encontro, da Rede Globo. Dona Regina, uma senhora já idosa e por isso mesmo experiente, participou da plateia do referido programa, e, chamada a opinar sobre a temática da criança exposta ao homem nu no MAM (Museu de Arte Moderna), sem demora demonstrou sua insatisfação com o crime lá cometido, deixando, assim, uma gama de atores e pseudointelectuais globais num vexame vistoso diante das câmeras. Atores e atrizes esses que defendiam abertamente a exposição e o ato da mãe de expor a filha de 5 anos ao homem nu.

Como não é preciso nenhum doutorado em Harvard — nem um título de livre docência em Oxford — para notar o absurdo do abuso infantil que ali ocorreu, dona Regina deu sua opinião contrária à exposição da criança à nudez adulta, afirmando tão somente o óbvio, ou seja, que a criança não estava preparada para tal situação. Os participantes de palco do programa ficaram visivelmente irritados com a opinião da senhora; Bruno Ferrari, artista global, que visivelmente estava incomodado para não dizer enraivecido, questionou dona Regina sobre qual o absurdo que a criança foi exposta, a senhora voltou a responder com a lógica, com o senso comum básico que nos diz que uma criança de cinco anos não deve ser exposta à nudez o à pornografia.

Dona Regina mostrou em rede nacional aquilo que os intelectuais de TV não sabiam mais que existia, isto é: o senso básico de pudor, moral e ética. Princípios esses que gerenciam o mundo real, aquele mundo que fica fora dos sets de filmagens de novela, aquele mundo real que se ausenta das reportagens do Fantástico. Dona Regina escancarou para os artistas, principalmente para Andreia Horta, a principal debatedora de Dona Regina naquele breve momento, que o mundo fora da Rede Globo não é aquele palacete de miragens utópicas no qual os artistas se chafurdam ao gravarem suas novelas.

O senso comum, aquele conhecimento legado através das heranças e experiências históricas guardadas por tradições, conceitos filosóficos e sociais. Tal conhecimento é mais que um mero “sentimento” (senso), é uma constatação racional da realidade; é mais que meramente “comum”, é basilar, é primevo. O que Dona Regina trouxe para o mundo das fadas da Globo, foi a realidade, aquela realidade que extrapola as paredes dos museus progressistas e os portões do Projac.

O mundo da Dona Regina pode ser entendido como aquele em que as realidades duras do dia a dia pautam suas decisões e escolhas, o mundo de Andreia Horta e Bruno Ferrari parece ser aquele em que antes da realidade em si vem os escritos de seus gurus, militâncias e roteiros de novela; no primeiro temos a realidade tal como ela se apresenta, e noutro temos a apresentação daquilo que quer ser realidade. Tais artistas “têm o objetivo perfeitamente definido de destruir certas ideias que, na opinião deles, se tornam estreitas de mais para o mundo, e sem as quais, em nossa opinião, o mundo sucumbiria” (CHESTERTON, 1946, p. 25).

O senso comum de dona Regina é o direito pleno e democrático daqueles que ontem construíram os alicerces da civilização e hoje querem falar e ter suas opiniões levadas a sério. O senso comum é justamente isso, as vozes dos mais velhos em favor dos nascituros, a necromancia social que nos permite, entre outras coisas, contar com a sabedoria daqueles que conhecem melhor sobre o que é cuidar de uma casa ou de um país. O senso comum, por fim, é o porta-voz da moralidade social, é o filete de sanidade que mantém a comunidade humana minimamente possível. Se hoje mostramos um homem nu a uma criança de cinco anos, qual o impedimento moral e ético teremos a oferecer contra aquele que com essa criança queira se relacionar sexualmente? A moral social é uma porta que quando destrancada dificilmente será novamente fechada. Como conclusão, darei voz ao maior pensador do século XX, Gilbert Keith Chesterton, um homem que, sobre o senso comum, tinha um conhecimento num grau colossal:

“Não é fácil citar uma coisa da qual se possa dizer que dela depende toda a enorme complexidade da vida humana. Mas, se de alguma coisa depende, é dessa frágil corda estendida entre as colinas esquecidas do ontem e as invisíveis montanhas do amanhã. Neste fio solitário e vibrátil estão penduradas todas as coisas, desde o Armageddon até o almanaque, desde uma revolução bem sucedida até um bilhete de volta. E é esse fio solitário que o Bárbaro golpeia pesadamente com um sabre, que felizmente já está bastante embotado” (CHESTERTON, 1946, p. 25)

Uma sociedade deve ser julgada através do tratamento que ela oferece aos mais velhos e às crianças. No Brasil, aos velhos nós damos o desprezo e a indiferença; às crianças, por sua vez, oferecemos as portas da pedofilia escancaradas e a confusão sexual como brinquedos de berçário. A corda — senso comum — que jaz amarrada entre as colinas do ontem e as montanhas do hoje, estão sendo arrancadas por uma parte da população a fim de se confeccionar uma forca na qual todos nós seremos oferecidos em expiação artística no palco da bizarrice, se assim permitirmos.

Referências:

CHESTERTON, G. K. A barbaria de Berlim, Rio de Janeiro: Livraria Agir, 1946

CHESTERTON, G. K. Ortodoxia, Campinas: Ecclesiae, 2013

PAINE, Scott Randall. Chesterton e o universo. Brasília DF: Editora UNB, 2008
Por Pedro Henrique Alves, publicado pelo Instituto Liberal 
Do site: https://www.institutoliberal.org.br

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

A IDEOLOGIA DE GÊNERO É O GÊNERO DA FARSA CRIMINOSA.


Mostra de "arte Queer" do Santander revela que está na hora de separar o joio do trigo nos movimentos pela diversidade sexual

Mostra "queer" no Centro Cultural Santander - Porto Alegre

"Liberdade de expressão não é um cheque em branco"
Ana Paula Henkel, sobre a exposição do Santander*


Ao custo (para o povo brasileiro) de aproximadamente 1 milhão de reais de renúncia fiscal, o Banco Santander patrocinou, em Porto Alegre, no seu Centro Cultural, uma mostra com desenhos pornográficos para crianças em idade escolar.

A mostra pretensamente artística tinha um nome sugestivo da polêmica que pretendia causar:
"Queermuseu - Cartografias da Diferença na Arte Brasileira".

Embora houvesse algumas obras de arte consagradas (e até históricas), misturadas à pura pornografia escatológica, o objetivo da mostra de forma alguma visava à cultura, à educação ou à exposição da arte engajada. O propósito da exposição era mesmo provocar, desconstruir e fazer proselitismo.

A curadoria da mostra foi descuidada. Não advertiu sobre o conteúdo da exposição, não estabeleceu idade mínima para visitação do espaço - dado o conteúdo ali à mostra e, também, não explicou efetivamente qual o objetivo do movimento inspirador da "cartografia da diferença", ali montada. 

Por conta disso, excursões de crianças em idade escolar e sem qualquer maturidade interagiram com conteúdo absolutamente impróprio, pornográfico e escatológico, fora da compreensão natural do que seja "arte" para o nível educacional pretendido com o evento, Cidadãos comuns foram impactados por blasfêmias e imagens explícitas de zoofilia, pedofilia, exploração sexual com conotação racista, sem extrair da experiência nada que não fosse agressão gratuita à própria dignidade. 

O clamor popular não tardou a surgir, com camapanha de boicote dos correntistas ao próprio banco que, então, com certeza movido pelos mais elevados interesses... resolveu encerrar o evento. 

Não sobrou pedra sobre pedra do desastre, que agora serve de mote para a grita de militantes da causa LGBT, e militontos sem causa. 

Não tardou que juristas, filósofos, contestatários, políticos e organizações sociais, manifestassem opiniões. Houve quem levantasse teses e imputasse ao "fascismo" o encerramento da equivocada mostra. Afinal, para ativistas sem rumo, até pedofilia travestida de arte serve de pretexto revolucionário ... 

De fato, expor crianças como objeto de lascívia e degradação não é arte. É proselitismo e perversão doentia. O Santander merecia mesmo uma nota ZERO.

Um detalhe determinante porém, passou desapercebido da discussão midiática. Esta é a razão do meu artigo.

A resposta à pergunta se o que foi exposto era arte provocativa ou provocação sem nenhuma arte, estava desde o início no próprio nome do evento: Queer.

Queer e o supremacismo vitimizador 

Queer é sinônimo de estranho, bizarro, inusual. Remete á situação desconfortável, ruim, e também pode denominar perversão sexual. Nos EUA, décadas passadas, era usado da mesma forma como se usa no Brasil alguns apelidos ofensivos para homossexuais, como "efeminado" ou "machona".

Talvez por isso mesmo, o termo "queer" ganhou espectro político. Talvez no nome esteja a raiz do movimento que hoje representa uma facção radical dentre várias que formam o movimento internacional supremacista- vitimizador. 

Já me referi antes a esse fenômeno*. O supremacismo vitimizador pretende o domínio ideológico agressivo das minorias sobre os aparelhos produtores de cultura da sociedade. Esse domínio é acobertado pelo Estado ao pressupor que pode "equilibrar o conflito assimétrico" favorecendo a expressão agressora minoritária. O resultado desse desequilíbrio, porém, reforça recalques, rancores e preconceitos de forma desastrosa. 

O tecido social das sociedades é construído organicamente. Ele é alimentado pelos valores morais cultivados pelos cidadãos comuns - com suas virtudes e misérias. É o senso comum o fator de equilíbrio social.

No entanto, graças ao supremacismo vitimizador, as relações sociais da cidadania vêm sofrendo impressionante esgarçamento. Os poucos movimentos de resistência são denunciados como preconceito e sofrem policiamento hipócrita das autoridades. 

Mas é esse o objetivo do movimento: destruir o senso comum, criminalizando-o, e inibir opiniões discordantes aos valores propugnados pelas minorias - cuja conduta apresenta crescente agressividade.

A ideia embutida na causa é impor aceitação incondicional dos valores distorcidos, como a nova regra a ser seguida - e não admitir qualquer tolerância crítica. Explico: o tolerante é aquele que discorda, mas não discrimina - é aquele que garante o debate e o pluralismo de valores e ideias no mundo democrático, compreendendo as diferenças e respeitando o senso comum - até mesmo para mudá-lo.

Para os supremacistas-vitimizadores, o tolerante é justamente o grande inimigo. Ele quebra o ciclo da violência, evita a confrontação e desmoraliza o discurso "politicamente correto", usado pelos supremacistas como canal de extravasamento de rancores, atitudes segregacionistas, ofensividade e recalques.

O tolerante, por não discriminar, deve ser incriminado pelo que pensa. Para tanto, sua opinião discordante será sempre rotulada pelos supremacistas como "fobia" - e a saída supremacista para o rótulo é justamente criminalizar a "fobia" e amordaçar a sociedade. O objetivo é reprimir o senso comum que esteia o tecido social. 

O movimento Queer é ramo deste supremacismo vitimizador. A teoria Queer tem íntima ligação com os movimentos libertários da contracultura e da revolução sexual, nos anos 60/70 - fortemente influenciados por Herbert Marcuse e Michel Foucault

O movimento Queer e a intolerância

O discurso Queer foi buscando via própria como teoria libertária nos anos 80, moldando-se como meio de afirmação gay, lésbico e feminista.

Porém, com o advento da supremacia das minorias no discurso politicamente correto, o movimento Queer ganhou notoriedade e permitiu-se rasgar a fantasia, transformando-se de "libertário" em "liberticida".

É preciso explicar o detalhe: os adeptos do movimento Queer resolveram "aprofundar" sua crítica á ideia de que o gênero é parte essencial do indivíduo. Posto isso, o movimento passou a combater a ciência e a negar a sexualidade biológica.

Os Queers negam as conquistas da ciência desengajada. Ignoram que a ciência constatou a natureza biológica da afetividade sexual, homo e hetero, sem descurar da distinção biológica de sexo.

Foi essa mesma ciência que compreendeu o fenômeno raríssimo da transsexualidade. Aliás, a natureza biológica da sexualidade e da afetividade foi a razão de ser dos movimentos de busca da tolerância para com a diversidade sexual no mundo moderno.

Os Queers, porém, não aceitam essa via. Ignoram a distinção sexual biológica para impor uma distinção determinada por impulsos comportamentais. Desumanizam o gênero humano, transferindo a noção de "gênero" para os comportamentos "desviantes", determinados por impulsos sexuais. Desconhecem a natureza da sexualidade para classificar "gêneros" pelo impulso comportamental do indivíduo - psicopata ou não. Esse detalhe diz tudo a respeito do que se pretende com a mostra do Santander.

Não se trata a mostra queer de arte em prol da tolerãncia e, sim, de proselitismo em favor da mais egocêntrica e recalcada intolerância.

Psicopatia militante 

O pensamento Queer busca diluir-se no movimento gay, mas não possui qualquer identidade com a vertente tradicional e democrática do combate ao preconceito contra homossexuais. 

O movimento gay firmou sua posição política de combate ao preconceito pautado pela ciência, mostrando a determinação biológica da atração sexual e do comportamento homoafetivo - razão da luta política pelo direito do indivíduo assumir sua real identidade.

Os queers dominam a chamada "ideologia de gênero", que despreza a ciência absolutamente. Eles buscam a supremacia política da ação "contra-natural" - como fenômeno exclusivamente comportamental, voluntário, ligado á "liberdade da psiqué". Posto isso, os queers expandem seu universo abrangendo TODO tipo de impulso sexual considerado "desviante".

Na verdade, como já dito, o movimento Queer confunde gênero com sexo e abole o último de forma a não distinguir sexos mas sim impulsos eróticos e comportamentais. Portanto, o queerismo é propositada e notoriamente marginal. Não propõe qualquer conciliação social ou "tolerância" para com diferenças, pois sua atividade se inclui nos processos sociais que sexualizam a sociedade como um todo, forçando unilateralmente a tolerância aos chamados "desvios de comportamento". 

Os Queers querem "heterossexualizar e/ou homossexualizar instituições, discursos e direitos" pela subversão da tolerância, priorizando comportamentos erotizados, obssessivos e compulsivos, ditados pela psiqué. Sua ideologia não é libertária e sim liberticida, sexista, comportamental, provocativa, movida pelo rancor social e pela apologia dos "desvios" como ação revolucionária. 

Segundo seus teóricos, o movimento Queer objetiva inverter a perspectiva social como qualquer outro movimento de cunho esquerdizóide. No entanto, propõe como estratégia revolucionária explicitar a sexualização da sociedade sob a ótica dos "socialmente estigmatizados".

Identificados os agentes da transformação, o movimento Queer prioriza identidades sociais "desviantes", que passa a considerar absolutamente normais. Sua noção de "cidadania" é baseada na identidade dos "sujeitos do desejo", que os queers classificam como legítimos e ilegítimos - sendo "ilegítimos" todos os que se firmam na conduta acorde com o senso comum, natural, seguindo vocação biológica. Neste rol de "ilegítimos", os queers incluem homossexuais com comportamento "familiar" ou "moralmente enquadrado na estrutura burguesa".

Os Queers desprezam gays e lésbicas que não lutam para a "mudança radical da sociedade". Também não consideram parte de seu movimento os transsexuais que buscaram a medicina visando um "enquadramento social". Consideram que estas "culturas sexuais", uma vez normalizadas, não mais apontam para a mudança social - tal qual entendem ocorrer com a conduta heterossexual...

É a subversão dos subvertidos. O movimento Queer pretende representar o sonho marcuseano do resgate puro da aliança entre a marginalidade e a intelectualidade contra toda a "ordem burguesa". Vai além: quer transformar a compulsão, a obsessão e a perversão em formas toleráveis de comportamento social. É assim que propugna a subversão revolucionária dos valores "burgueses".

Daí o interesse em privilegiar extremos comportamentais, como a travestilidade, a transgêneridade e a intersexualidade, "culturas sexuais não-hegemônicas" caracterizadas pela "subversão". Também objetiva, o movimento Queer, o "rompimento com normas socialmente prescritas de comportamento sexual e/ou amoroso" - leia-se: apologia à pedofilia, sadomasoquismo, zoofilia, etc... como "atos libertários".

O modus operandi do movimento é a "performance"... a apologia à psicopatia como forma de agressão. 

Foi nesse contexto "suavemente psicopata" que ocorreu a "mostra cultural do Santander". Foi um evento provocativo como são provocativas todas as performances queer em manifestações, as injúrias em locais públicos e os comportamentos absolutamente inadequados em recintos submetidos a alguma disciplina de convivência comum.

É preciso repetir. Não se trata de movimento democrático, pluralista ou "libertário". Pelo contrário, é radical, liberticida, preconceituoso, sexista e perverso - na mais ampla conotação que se possa dar ao termo.

O declínio da ideologia de gênero

Enquanto no Brasil somos obrigados a suportar os Queers por não sabermos diferenciar joio e trigo no ativismo homossexual - e nem o movimento parece sabê-lo - no mundo mais civilizado a coisa começa a mudar. 

Os países nórdicos já começaram a reagir ao movimento, que teve na região profunda influência, com resultados desastrosos.

Os governos da Suécia, Dinamarca, Finlândia e Islândia, determinaram a suspensão dos financiamentos até então concedidos ao Instituto Nórdico de Gênero, entidade promotora de ideias ligadas às chamadas “teorias de gênero“ - ponta de lança do movimento Queer.

A medida veio após a exibição, em 2010, do filme “Hjernevask” (“Lavagem Cerebral”), que questionava os fundamentos científicos dessas teorias – que, de fato, não passam de teorias sem comprovação empírica. No filme fica patente o comportamento anti-científico dos teóricos do gênero, que negam o fundamento biológico nas diferenças de comportamento entre homens e mulheres, afirmando que elas se devem meramente a construções sociais, enquanto cientistas mostram resultados de testes empíricos que constatam diferenças inatas nas preferências e comportamentos de homens e mulheres.

No vídeo, a “filósofa do gênero” Catherine Egeland, uma das entrevistadas, chega a afirmar que “não se interessa nem um pouco” por esse tipo de ciência e que “é espantoso que as pessoas se interessem em pesquisar essas diferenças” (!). A declaração selou o destino do "queerismo" em direção à incompatibilidade com o pluralismo e a democracia. 

É preciso, portanto, parar de confundir as bolas. O movimento Queer, apenas explicita melhor o funesto labirinto de conceitos e preconceitos que a ideologia de gênero pretende implantar na sociedade democrática.

Vamos por partes

A transexualidade orgânica é fenômeno muito raro. Diz respeito ao campo da medicina e demanda apoio da psiquiatria e da psicologia. O interesse do direito é de natureza civil, quanto à adoção da identidade.

Fenômeno absolutamente diverso é o homossexualismo - que nada tem de "raro" e cujo componente genético é hoje reconhecido pela medicina. Daí, portanto, demandar tutela na aceitação social.
Esses biotipos têm seu lugar na vida, tal qual os biotipos heterosexuais.

A desgraça da ideologia de gênero, e que revela sua periculosidade, foi pretender misturar fenômenos naturais com manifestações de caráter comportamental complexo, ligadas à libido, aliando manifestações artísticas, performáticas, estereótipos, distúrbios psicológicos e até psicopatias no mesmo discurso de "aceitação social".

Essa imensa bobagem militante, carregada de recalques, rancores, vitimizações, hipocrisias, ignorâncias e ma fé, vem reforçando preconceitos e ostentando estereótipos que esgarçam a fibra da tolerância social.

Assim...

O gênero humano é um só, composto de indivíduos de sexos opostos, masculino e feminino. Já a sexualidade pode ser determinada por fatores naturais, envolvendo atratividade por indivíduos do mesmo sexo, bem como pode incorrer em paradoxos afetos à medicina, como é o caso da transsexualidade. Fora isso, incorre-se no domínio vasto e complexo dos comportamentos compulsivos, obssessivos e dos hábitos extravagantes. Transformar e segregar este universo em "gêneros" é negar a natureza humana e desumanizar a sexualidade.

O documentário norueguês está chegando tarde ao Brasil...

Enquanto o documentário não vem, bancos precariamente administrados no campo da relação com a sociedade, como o Santander, patrocinam um movimento rancoroso e preconceituoso, pretextando combater o preconceito sexual, apoiados por uma mídia ignorante.

A mostra do Santander sofreu pela péssima comunicação e pela má fé em não explicitar a ideologia por trás do "Queermuseu". Submeteu estudantes de escolas públicas e inocentes desavisados a provocações pedófilas, cenas de zoofilia e de perversões provocativas, emolduradas ou esculpidas.

Não foi arte, foi proselitismo sob o pretexto de pregar "tolerância transgênero" e "liberdade de escolha". 

O problema, no entanto, é que segundo os organizadores da mostra queer, a "escolha", por ser comportamental, não guarda relação com o crescimento e o amadurecimento do ser humano, pode ser "conquistada" desde a tenra infância... ainda que prejudique para sempre a vida e a determinação biológica da criança. 

Fontes: 
Por: Antonio Fernando Pinheiro Pedro é advogado (USP), jornalista e consultor ambiental. Sócio diretor do escritório Pinheiro Pedro Advogados. Integrante do Green Economy Task Force da Câmara de Comércio Internacional, membro da Comissão de Direito Ambiental do Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB e da Comissão Nacional de Direito Ambiental do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB. É Editor- Chefe do Portal Ambiente Legal, do Mural Eletrônico DAZIBAO e responsável pelo blog The Eagle View.

Brasil Paralelo Capítulo 2 - A Vila Rica - Brasil, A Última Cruzada

sábado, 7 de outubro de 2017

MUÇULMANOS AVISAM A EUROPA: "UM DIA, TUDO ISSO SERÁ NOSSO"

- O arcebispo de Estrasburgo, Luc Ravel, nomeado pelo Papa Francisco em fevereiro, declarou recentemente que "os muçulmanos devotos estão cansados de saber que a sua fertilidade é tal hoje, que eles a chamam de... a Grande Substituição. Eles afirmam de maneira tranquila e resoluta: "um dia, tudo isso, tudo isso, será nosso"...


- O primeiro-ministro da Hungria Viktor Orbán acaba de alertar para o perigo de uma "Europa muçulmanizada". Segundo ele, "a questão das próximas décadas é se a Europa continuará a pertencer aos europeus".

- "Nos próximos 30 anos, o número de africanos crescerá ultrapassando a marca de um bilhão de pessoas. É o dobro da população de toda a União Europeia... A pressão demográfica será gigantesca. No ano passado mais de 180 mil pessoas atravessaram o mar em barcos em péssimas condições, provenientes da Líbia. E isso é só o começo. De acordo com o representante da UE Avramopoulos, neste exato momento 3 milhões de migrantes estão a postos para entrarem na Europa". — Geert Wilders, parlamentar da Holanda e líder do Partido da Liberdade e Democracia (PVV).
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Esta semana, outro ataque terrorista islâmico teve como alvo a cidade espanhola de Barcelona. Como ela esteve por muitos anos sob o domínio muçulmano, é, portanto, assim como Israel, território que muitos islamistas acreditam estar no direito de reconquistar.

Ao mesmo tempo, longe da Espanha, escolas de ensino fundamental foram fechadas pelo governo quando o número de alunos caiu para menos de 10% da população. O governo está transformando os locais em asilos, para cuidar dos idosos em um país onde 40% da população têm 65 anos ou mais. Isso não é um romance de ficção científica. É o Japão, a nação com a maior concentração de idosos e a mais estéril do mundo, onde há a seguinte expressão popular: "civilização fantasma".

De acordo com o Instituto Nacional de População e Pesquisas de Previdência Social do Japão, por volta de 2040, a maioria das pequenas cidades japonesas verá a dramática queda de um terço até metade da população. Devido ao dramático decréscimo demográfico, muitas câmaras municipais japonesas não puderam mais operar, foram então fechadas. O número de restaurantes passou de 850 mil em 1990 para 350 mil nos dias de hoje, apontando para um "esgotamento da vitalidade". As previsões também sugerem que em 15 anos o Japão terá 20 milhões de casas abandonadas . Será este também o futuro da Europa?

Especialistas em demografia estão propensos a chamar a Europa de "Novo Japão". O Japão, no entanto, está lidando com a catástrofe demográfica com seus próprios meios, proibindo a imigração muçulmana.

"A Europa está cometendo suicídio demográfico, sistematicamente se depopulando, o que o historiador britânico Niall Ferguson chama de a maior redução sustentada da população europeia desde a Peste Negra ocorrida no século XIV", como George Weigel observou recentemente.

Ao que tudo indica, os muçulmanos da Europa estão sonhando em preencher esse vazio. O arcebispo de Estrasburgo, Luc Ravel, nomeado pelo Papa Francisco em fevereiro, declarourecentemente que "os muçulmanos devotos estão cansados de saber que a sua fertilidade é tal hoje, que eles a chamam de... a Grande Substituição. Eles afirmam de maneira tranquila e resoluta: "um dia, tudo isso, tudo isso, será nosso"...

Um novo estudo elaborado pelo instituto interdisciplinar de estudos italiano Centro Machiavelliacaba de revelar que, se as tendências atuais continuarem, por volta do ano 2.065, os imigrantes da primeira e segunda gerações ultrapassarão 22 milhões de pessoas, ou seja, mais de 40% da população da Itália. Na Alemanha, 36% das crianças menores de cinco anos são filhos de pais imigrantes. Em 13 dos 28 países membros da UE, mais pessoas morreram do que nasceram no ano passado. Sem a migração estima-se que as populações da Alemanha e da Itália diminuirão 18% e 16% respectivamente.

O impacto da queda livre demográfica é mais visível no que antes era chamada de "nova Europa", países do antigo bloco soviético, como Polônia, Hungria e Eslováquia, para que se possa distingui-los da "velha Europa", França e Alemanha. Esses países do leste europeu são agora os mais expostos à "bomba da depopulação", colapso devastador da taxa de natalidade que o analista e escritor sobre questões contemporâneas Mark Steyn chamou de "o maior problema da nossa época".

O jornal The New York Times perguntou porque, "apesar da diminuição da população, a Europa Oriental resiste em aceitar migrantes". A diminuição demográfica é exatamente a razão pela qual ela teme ser substituída pelos migrantes. Além disso, grande parte da Europa Oriental já teve o gostinho de ser ocupada pelos muçulmanos por centenas de anos, quando do domínio do Império Otomano e, todos estão bem cientes do que os aguarda se eles voltarem. Países em fase de envelhecimento temem que os valores hostis venham à tona se a população for substituída por outra jovem, estrangeira.

"Há hoje dois pontos de vista distintos na Europa a serem considerados (quanto ao declínio e envelhecimento da população)", o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán salientou recentemente. "Um é sustentado por aqueles que querem abordar os problemas demográficos da Europa por intermédio da imigração. E o outro, sustentado pela Europa Central - e, fazendo parte dela, a Hungria, tem como visão que devemos resolver nossos problemas demográficos lançando mão de nossos próprios recursos, mobilizando nossas próprias reservas, e - venhamos e convenhamos - renovando-nos espiritualmente". Orbán acaba de alertar para o perigo de uma "Europa muçulmanizada". Segundo ele, "a questão das próximas décadas é se a Europa continuará a pertencer aos europeus".

O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, ressaltou recentemente: "nossa visão é que devemos resolver nossos problemas demográficos lançando mão de nossos próprios recursos, mobilizando nossas próprias reservas, e... venhamos e convenhamos - renovando-nos espiritualmente". (Imagem: David Plas/Wikimedia Commons)


A África também pressiona a Europa com uma bomba-relógio demográfica. De acordo com o parlamentar holandês Geert Wilders:

"Nos próximos 30 anos, o número de africanos crescerá ultrapassando a marca de um bilhão de pessoas. É o dobro da população de toda a União Européia... A pressão demográfica será gigantesca. Um terço dos africanos querem sair da Áfricae muitos querem ir para a Europa. Ano passado mais de 180 mil pessoasatravessaram o mar em barcos em péssimas condições, provenientes da Líbia. E isso é só o começo. De acordo com o representante da UE Avramopoulos, neste exato momento, 3 milhões de migrantes estão a postos para entrarem na Europa".

A Europa Oriental está definhando. A demografia já virou um problema de segurança para a Europa. Há menos pessoas para servirem nas funções militares e nos postos de bem-estar social. O presidente da Bulgária, Georgi Parvanov, de fato, convidou os líderes do país a participarem de uma reunião do Comitê Consultivo Nacional totalmente dedicado ao problema da segurança nacional. Houve uma época que os países da Europa Oriental temiam os tanques soviéticos, agora eles temem os berços vazios.

Segundo estimativas das Nações Unidas havia cerca de 292 milhões de habitantes na Europa Oriental no ano passado, 18 milhões a menos do que no início da década de 1990. O número é equivalente a toda a população da Holanda.

O jornal Financial Times chamou a situação na Europa Oriental como "a maior perda de população na história moderna". Sua população está diminuindo como nunca antes. Nem mesmo a Segunda Guerra Mundial, com os massacres, deportações e movimentos populacionais, chegou a tal abismo.

O caminho de Orbán - lidar com um declínio demográfico usando os próprios recursos do país - é o único jeito da Europa evitar que a previsão do Arcebispo Ravel de uma "grande substituição" se torne realidade. A imigração em massa provavelmente preencherá os berços vazios - mas a Europa então também se tornará somente uma "civilização fantasma", trata-se apenas de um tipo de diferente de suicídio.

Giulio Meotti, Editor Cultural do diário Il Foglio, é jornalista e escritor italiano.
APÊNDICE

A Romênia perderá 22% da população até 2.050, seguida pela Moldávia (20%), Letônia (19%), Lituânia (17%), Croácia (16%) e Hungria (16%). Romênia, Bulgária e Ucrânia são os países onde o declínio da população será mais drástico. Estima-se que a população da Polônia encolha em 2.050 para 32 milhões, em relação aos atuais 38 milhões. Cerca de 200 escolas foram fechadas, mas há crianças suficientes para preencherem as que ainda restam.

Na Europa Central, a proporção dos habitantes com "mais de 65 anos" aumentou em mais de um terço entre 1990 e 2010. A população húngara se encontra no ponto mais baixo em meio século. O número de pessoas diminuiu de 10.709.000 em 1980 para 9.986.000 milhões hoje. Em 2.050 haverá menos de 8 milhões de habitantes na Hungria e um em cada três habitantes terá mais de 65 anos. A Hungria de hoje conta com uma taxa de fertilidade de 1,5 filhos por mulher. Se excluirmos a população cigana, o número cai para 0,8, o mais baixo do mundo - motivo pelo qual o primeiro-ministro Orbán anunciou novas medidas para resolver a crise demográfica.

A Bulgária terá o declínio populacional mais célere do mundo entre 2015 e 2050. A Bulgária faz parte de um grupo de países que deverá diminuir a população em mais de 15% entre 2015 e 2050, juntamente com a Bósnia Herzegovina, Croácia, Hungria, Japão, Letônia, Lituânia, Moldávia, Romênia, Sérvia e Ucrânia. A população da Bulgária de cerca de 7,15 milhões de habitantes deverá cair para 5,15 milhões em 30 anos - uma queda de 27,9%.

Dados oficiais mostram que 178 mil bebês nasceram na Romênia. Em comparação com 1990 o primeiro ano pós-comunista, havia 315 mil nascimentos. No ano passado a Croácia teve 32 mil nascimentos, um declínio de 20% em relação a 2015. A depopulação da Croácia poderá chegar a mais de 50 mil pessoas por ano.

Quando a República Tcheca fazia parte do bloco comunista (como parte da Tchecoslováquia), sua taxa de fertilidade total se encontrava próxima da taxa de substituição populacional (2,1). Hoje é o quinto país mais estéril do mundo. A Eslovênia tem o PIB per capita mais alto na Europa Oriental, mas uma taxa de fertilidade extremamente baixa.
Por Giulio Meotti13 de Setembro de 2017
Tradução: Joseph Skilnik

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

O QUE É DITO E O QUE NÃO É

Imagine a troca de experiências entre pessoas com uma bagagem literária muito grande. Elas possuem um monte de referências literárias em comum, de modo que ao trocar experiências elas parecem que estão tocando piano. E sempre que não conseguem expressar diretamente o que estão sentindo, elas recorrem a uma analogia literária. Escritores quando conversam entre si fazem isso o tempo todo. Eles têm muito mais bagagem de leituras feitas do que capacidade de expressão, assim como todo ser humano. Todos nós, como pertencemos à mesma espécie, temos potencialmente a capacidade para termos as mesmas experiências interiores. Mas você dificilmente terá a capacidade de expressá-las com palavras próprias. Então você deve usar os recursos que estão na cultura.


A conversa entre dois homens que estão culturalmente afinados está para a conversa entre duas pessoas incultas assim como uma ligação telefônica está para outra que foi feita para um número errado. Isso é o mesmo que dizer que pessoas incultas simplesmente não conversam. Os seus mundos interiores são incomunicáveis às vezes até para elas mesmas. Como elas não sabem dizer o que estão vivenciando, essa vivência não se registra na memória, porque a memória não pode registrar estados interiores sem um símbolo que os compacte. Isso é uma angústia terrível. Noventa e nove por cento das neuroses surgem porque a pessoa não sabe falar. Assim, a primeira função da educação é uma função libertadora; de você conseguir dizer, e dizendo você se exorciza. Para um homem inculto, qualquer conflito interno é único, singular, solitário e incomunicável. Já um homem que tem ao menos a cultura da literatura de ficção sabe que é o trilionésimo a ter os mesmos conflitos. Num meio inculto as pessoas estão muito isoladas. Elas só podem se comunicar numa faixa estreita de assuntos banais e pragmáticos. Nesse meio, a experiência interior se perde porque não há registro simbólico para gravá-las na memória ou se acumula numa massa de sentimentos confusos que isola as pessoas umas das outras. Basta isso para você entender que essa história de que o homem inculto é mais feliz é uma monstruosidade. O sofrimento indizível é um bilhão de vezes pior que o dizível.
 Por: Olavo de Carvalho 4 de setembro de 2017 - 16:03:46
Do site: http://diariofilosofico.midiasemmascara.org

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

GLOBALISMO E BIOÉTICA: A DESUMANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS DE SAÚDE


Alfie Evans corre o risco de ter o mesmo destino trágico de Charlie Gard.

“A vida que professar será para benefício dos doentes e para o meu próprio bem, nunca para prejuízo deles ou com malévolos propósitos. Mesmo instado, não darei droga mortífera nem a aconselharei; também não darei pessário abortivo às mulheres’’.
Juramento de Hipócrates

A pergunta que fazem: Por que tratar um doente dispendioso se é possível matá-lo?
Quantas vezes, no Brasil e no mundo, sob o jugo de um sistema unificado de Saúde,nos deparamos com hospitais mal geridos e postos de saúde burocratizados e sem estrutura, nos quais a medicina é colocada sob provas extremas? Quantas vezes, nas últimas décadas, não nos defrontamos com situações limítrofes, nas quais a dor causada pelo indiferença criminosa e pelos e maus tratos, notórios pela evidente negligência do Estado, se contrapoem aos princípios inspiradores de Hipócrates, o pai da medicina ocidental? Quantas vezes, no decorrer destes sombrios anos que marcam a escalada do socialismo, assistimos a morte ser exaltada em detrimento da vida, por parte de defensores de supostos “direitos humanos”, por meio de cânticos carregados de traição àqueles a quem juram salvaguardar e proteger?

Densas razões estratégicas de longo prazo
“É a demografia, estúpido, a única questão importante. A Europa no final do século será um continente depois da bomba de nêutron. As grandes construções ainda estarão lá, mas as pessoas que as fizeram terão desaparecido”.
Mark Steyn, analista político canadense.

O National Health Service (NHS), o sistema de saúde britânico, maior sistema público de saúde e o mais antigo do mundo, é designado pelos globalistas como ‘’a solução da saúde para o mundo’’. Implantado no Reino Unido, Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte, chegou a ser homenageado de forma enigmática na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Londres, no verão de 2012. Ele forma a base dos cuidados médicos do Reino Unido. É interessante observar que os NHS foram criados por legislações separadas e começaram a funcionar em 5 de julho de 1948, logo após a Segunda Guerra Mundial. Seu slogan é : “Somos o Número Um”. ( “NHS ranked ‘number one’ health system”). Conforme o atual secretário de saúde da Inglaterra, Jeremy Hunt, “é motivo de orgulho e seu modelo é “classificado como o melhor sistema de saúde dentre 11 países ricos”. Para Hunt, “esse resultado excelente é um testemunho da dedicação da equipe do NHS. ”

Embora a propaganda estatal enalteça o sistema NHS, os fatos recentes demonstram claramente uma outra realidade, gritantemente invertida.

Apesar dos efusivos elogios vindos das mídias, o sistema não se sustenta, e financeiramente o NHS está um caos. Doentes graves acumulam-se em filas intermináveis sem receber tratamento. Em certa ocasião, Paul Corriggnan, secretário do então primeiro-ministro da Inglaterra, Tony Blair, declarou que para o NHS corrigir seus problemas agudos no tratamento de doenças crônicas, teria que contratar serviços externos, algo tão grandioso (ou seja impossível), segundo ele, e que seria notado por todos. Sem recursos suficientes, os tratamentos não estão sendo realizados. Uma suposta correção para o problema, que foi a pauta de intensas discussões, e que parece ter sido implementada, foi disposta por meio três ações necessárias. Primeira, financiamento; segunda: hospitais eficientes e dedicados a tratar especialidades; terceira, e a mais crítica: reduzir a procura de tratamentos desnecessários, através de uma melhoria da saúde pública unida a cuidados individuais.

Passados quase um ano das supostas soluções apresentadas e perante os casos gritantes dos bebês ingleses (Charlie Gard e Alfie Evans, entre outros, que foram abandonados em hospitais sem receber tratamento algum), a verdade veio à tona.

Ao analisarmos o histórico ocorrido com Charlie Grad, torna-se patente que o NHS optou por reduzir essa “terceira ação”. Sobretudo no sentido de abandonar todo e qualquer investimento em pesquisa, medicina experimental, e o caminho do progresso científico. Por motivos econômicos, optou por designar todos seus doentes crônicos como desnecessários.

Kate Andrews, do Instituto Economic Affairs, expressou, publicamente: “O NHS está longe de ser a inveja do mundo”; “não são apenas aos trabalhadores pobres que recebem cuidados precários; a provisão de cuidados do NHS é igualmente precária para todos, independentemente da renda”.

A verdade é que o Reino Unido tem uma das taxas mais elevadas de mortes evitáveis ​​na Europa Ocidental e dezenas de milhares de vidas poderiam ser salvas a cada ano se os pacientes do NHS em condições graves fossem tratados por sistemas de seguro social de saúde em outros países, ou ainda em cooperação mútua.

A disputa judicial travada pelos pais de Charlie Gard
A batalha judicial entre o hospital britânico do sistema NHS, Great Ormond Street Hospital (GOSH), e os pais do bebê Charlie Gard, morto aos 11 meses de idade, foi amplamente divulgada. Charlie nasceu em 4 de agosto de 2016, e com dois meses de idade precisou de assistência médica. Após ter sido recebido atendido no pronto atendimento, foi transferido ao GOSH em 11 de outubro 2016, de onde somente saiu para ser executado em uma clínica ‘’hospício’’.

Constatou-se que o bebê Gard sofria de uma doença raríssima chamada de depelação mitocondrial, doença degenerativa que provoca a perda da força muscular, crescentes danos cerebrais e ainda sem tratamento comprovado. Com o diagnóstico, os pais buscaram alternativas para o tratamento e em janeiro de 2017, iniciaram uma arrecadação para custear, a terapia by-pass, nos EUA, que possui resultados promissores em casos similares ao de Charlie. Contudo, no exato momento em que o GOSH soube das intenções dos pais, a reação da instituição pública foi terrivelmente contrária. O GOSH, não apenas negou a possibilidade da saída do bebê da instituição, mas recorreu à Justiça, com um pedido de suspensão dos cuidados a Charlie Gard. Solicitou ainda à Suprema Corte Britânica, com o fundamento absurdo de “melhor interesse” do bebê, o desligamento do suporte que lhe mantinha a vida.

A Justiça britânica, através do juiz Nicholas Francis, acolheu o pedido do GOSH e imediatamente retirou dos pais o pátrio poder e entregou a tutoria do filho à advogada Victoria Butler-Cole, presidente de uma ONG pró-eutanásia. Foi nesse instante que iniciou-se uma luta desesperada para tentar salvar Charlie das garras do Estado e de ativistas jurídicos britânicos pró-eutanásia.

Cenário jurídico que envolveu o bebê Charlie Gard
O cenário jurídico estava cercado de ativistas jurídicos pró-morte, reconhecidos publicamente como defensores da ‘’eutanásia como forma de caridade’’. Aos olhos do mundo, a Suprema Corte britânica, ao retirar o pátrio poder dos pais de Charlie Gard, o entregou a uma advogada, presidente da organização Compassion in Dying,instituição irmã da Dignity in Dying, que está à frente da campanha legal para a morte assistida no Reino Unido. Diante de tamanha perversão do direito, os pró-vida, no mundo inteiro, inclusive os brasileiros, acessaram em massa o perfil oficail do Facebook da Família Real Britânica, cobrando da monarquia inglesa a defesa de seu inocente súdito. O silêncio apontou para diversos significados sombrios sobre o que estava por vir.

O caso foi arrastando-se por meses, e para um bebê que apresentava uma epilepsia grave, foi fatal. Os médicos americanos que desenvolveram o tratamento experimental, somente tiveram acesso a Charlie após 6 meses do processo jurídico instaurado, o que acabou levando-os a constatar que a saúde do bebê havia se deteriorando muitíssimo. Os pais optaram por desistir da disputa judicial. Mesmo com a intervenção do presidente dos EUA, Donald Trump, do Papa Francisco e a pressão pública mundial, o bebê foi transferido a um hospício e os aparelhos foram desligados sumariamente em 30 de julho de 2017.

Novos casos similares ao Charlie Gard
Ainda em meio a toda essa disputa, apareciam inúmeros casos similares ao do Charlie num sistema de saúde que, em lugar de tratar os doentes, opta, pasmem, pela inatividade até a morte dos pacientes. Um desses doentes graves é o bebê Alfie Evans (foto), hoje com 13 meses de idade.

Alfie começou a sofrer convulsões e epilepsia grave, sintomas similares ao de Charlie Gard. Alfie foi levado a um hospital em Liverpool e para a sorte do bebê, não foi transferido para o Gosh. No hospital, as convulsões pioraram, o bebê foi colocado em um respirador, em virtude de insuficiência respiratória, e agora encontra-se num estado de coma induzido. Contudo, ainda possui capacidade pulmonar. Em dezembro de 2016, o bebê teve uma piora relevante e o hospital avisou que iria retirar o suporte à sua vida. Os pais, é claro, se negaram a aceitar; Porém, como por milagre, o bebê teve uma pequena estabilização e a ideia macabra por enquanto foi deixada de lado.

Sem diagnóstico e sem tratamento
Alfie até hoje, inacreditavelmente, sobretudo para um país desenvolvido e que pretensamente anuncia possuir o maior e o melhor sistema de saúde pública do mundo, não possui um diagnóstico! Está recebendo apenas 5 medicamentos e nenhum tratamento para a sua doença desconhecida – apenas os cuidados paliativos.

Em julho, o hospital indicou a possibilidade de uma ação judicial contra os pais de Alfie. Ou seja, mais um caso de ativismo judicial pró-eutanásia, como o sofrido pelo bebê Charlie Gard, e de evidente condução jurídica em direção à morte.

O NHS, denominado como “modelo público de saúde de excelência para o mundo”, tem como bandeira não tratar seus doentes crônicos e ignorar o valor da vida humana. Com esse posicionamento, os casos graves considerados caros são abandonados, e a partir da evolução da doença pela falta de cuidados, o quadro clínico desses pacientes inevitavelmente acaba por piorar. É aqui que revela-se o real interesse do sistema jurídico pró-morte, quando se alega que o “melhor interesse” do paciente esquecido seja a morte ‘’assistida’’.

O que está obviamente em curso é a implementação da eutanásia passiva, seguida daeutanásia ativa e um de novo “plano de negócios em Saúde“, no qual a vida humana é tratada somente como índice estatístico e de rentabilidade. Isto é, caso se afaste da curva-padrão, deve-se seguir ao plano de descarte e venda associada de órgãos. Aos olhos do mundo, o NHS revela-se não um sistema de saúde, mas um anti-sistema, em que pacientes crônicos são descaracterizados em sua humanidade e violentados os seus direitos fundamentais.

O controle populacional é um dos grandes objetivos desse milênio anticristão.

“Mas eles me disseram uma vez que Alfie nunca mais abriria os olhos, e ele tem aberto, então eu quero apenas que ele tenha uma chance justa.’’
Tomas Evans, pai de Alfie.

Referências:







Por: Ilza Sousa, engenheira civil e pesquisadora católica pró-vida e  Adriana Martel Poggi, pesquisadora, especialista em Comunicação.
6 de setembro de 2017 Do site: midiasemmascara.org

sábado, 16 de setembro de 2017

O GOOGLE E A HIPOCRISIA MODERNA


Da teologia à embriologia, da moral sexual à nutrição, não há nada que escape ao cacoete moderno de ser contraditoriamente hipócrita.

Um dos engenheiros de software do Google enviou a toda a companhia um memorando em que afirmava que a empresa criou uma “câmara de eco ideológica”. “O Google”, escreveu ele, “possui uma série de preconceitos, e a ideologia dominante tem silenciado a discussão honesta sobre estes preconceitos”. A resposta do Google às acusações do memorando consistiu, por um lado, em rebatê-las por palavra, proclamando o seu comprometimento com a diversidade e o diálogo aberto, e em confirmá-las, por outro, demitindo o engenheiro que as formulou.

Se você não enxerga a ironia da situação, então você tem provavelmente a mesma mentalidade que a “ideologia dominante” das universidades, dos meios de comunicação e das corporações — em particular, da indústria tecnológica — de hoje. Mas se você foi capaz de perceber a inconsistência da resposta do Google, então é provável que já tenha notado uma certa epidemia de “duplipensar”. (Termos orwellianos talvez se tenham desgastado pelo uso, mas isso só foi possível porque eles são cada vez mais apropriados à nossa realidade.)

A controvérsia em torno do memorando do Google é só mais um exemplo de como o mundo nos diz que devemos ser tolerantes e acolhedores, permitindo que todas as opiniões e estilos de vida sejam expressos e vividos… a menos que a sua opinião ou estilo de vida entre em conflito com os temas dominantes da sociedade secular, em cujo caso você será publicamente desprezado, e o seu sustento e a sua honra correrão sérios riscos.

Querem fazer-nos crer, como diz uma recente representação do seriado Sherlock Holmes, que Deus não passa de “uma fantasia absurda, concebida para dar alguma oportunidade profissional ao idiota da família”. E quem o diz são as mesmas pessoas que sugerem, com toda seriedade, ser possível que estejamos vivendo em uma “simulação” do tipo Matrix.

Insistem que a criança no ventre materno não é uma pessoa humana, embora já tenha orientação sexual firmemente determinada, mas não a própria “identidade de gênero”. (Trata-se, é claro, de um conjunto metafisicamente inconsistente de afirmações; mas, dizem-nos, a metafísica foi destruída de vez pelos filósofos iluministas, ainda que não nos expliquem como, exatamente, eles lograram tamanho feito.)

Dizem-nos que, para sermos saudáveis, precisamos sacrificar-nos, ter disciplina, que precisamos ser, efetivamente, atletas em treinamento (ou, como diríamos em grego, “ascetas”): nada de gordura saturada; nada de xarope de milho com altas doses de frutose; distância total dos carboidratos e do glúten; nem pensar em organismos geneticamente modificados ou vegetais com agrotóxico — pelo contrário, coma enormes quantidades de couve e de pescado sustentável e você viverá para sempre.

Na verdade, dizem eles, deveríamos sobretaxar ou banir por completo as chamadas “porcarias”, e é assim que, de uma hora para outra, o preço do seu refrigerante aumenta em 12%. No entanto, à mera sugestão de que outros tipos de apetite devem ser moderados e controlados — como, por exemplo, o apetite sexual, que afeta não apenas a saúde e o bem-estar das pessoas envolvidas no ato, mas tem ainda o potencial de gerar ali mesmo um novo ser humano — responde-se com uivos de: “Deixe o governo fora do meu quarto!” E quando perguntamos por que razão o governo teria o direito de se intrometer na sua cozinha, mas não no seu quarto, a única resposta que podemos esperar são zombarias.

A expressão “hipocrisia” é frequentemente mal empregada, ou, melhor dizendo, utilizada de forma imprecisa. Um “hipócrita”, na maioria das vezes, é visto como alguém que não vive à altura dos ideais que ele mesmo professa; essa caracterização, no entanto, parece insuficiente. Ninguém segue com perfeição o próprio código moral. De fato, todos somos pecadores, necessitados da misericórdia e da graça de Deus. Ora, se essa definição de “hipócrita” abrange todo o mundo e não é capaz de descrever algum atributo constitutivo da natureza humana, então ela não é lá muito útil.

Mas se acrescentarmos a ela um outro elemento, as coisas começarão a ficar mais claras. Um hipócrita, com efeito, não é apenas o sujeito que diz: “Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. O hipócrita é aquele que diz: “Eu tenho permissão de fazer isso, mas você não”. Os hipócritas aplicam às outras pessoas critérios distintos dos que eles aplicam a si mesmos. Não se trata, portanto, de fracassar em observar as próprias regras; é uma questão de querer submeter os outros a um conjunto de regras diferente daquele a que o hipócrita mesmo se submete.

É justamente isto que verificamos nos exemplos acima. Em todos eles, as pessoas pensam ser perfeitamente coerente agir de forma incoerente. É em nome do diálogo aberto que o Google manda um funcionário embora, pelo simples fato de ele querer ter um diálogo aberto. Chamam a Deus uma “ideia absurda”, e ao mesmo tempo propõem como modelo explicativo do mundo uma ideia flagrantemente absurda. Afirmando que os fetos ainda não são seres humanos, o pensamento social da moda reconhece no feto, não obstante, determinadas características que só um ser humano poderia ter. Exigindo liberdade de toda e qualquer coação externa, o ativista pretende policiar nos mínimos detalhes a dieta alheia.

Ora, a raiz dessa hipocrisia não é senão o desejo de controlar os demais. Os hipócritas desejam que todos cumpram a cláusula do contrato, enquanto eles mesmos vivem livres e desimpedidos de qualquer obrigação. Os hipócritas tendem a usar o “plural não inclusivo” — noutras palavras, quando dizem “nós”, o que na verdade estão dizendo é: “vocês todos, menos eu”. A classe política, só, poderia oferecer-nos uma multidão de exemplos: há os que se opõem à isenção de impostos para ricos e, ao mesmo tempo, fazem de tudo para contornar a taxação e, assim, pagar muito menos do que o “povo trabalhador” que eles dizem representar; há os que elaboram leis de seguridade médica que oprimem a população com planos de saúde obrigatórios e impagáveis, reforçados ainda por cláusulas penais contra os inadimplentes, planos porém de que eles mesmos estão isentos; há os que dão a volta no mundo em seus jatos particulares, denunciando a emissão de gases e o desperdício de recursos; há ainda os que negam a concessão de cheques escolares e tecem loas ao sistema público de educação, quando os seus próprios filhos frequentam colégios particulares caríssimos. E a lista poderia crescer indefinidamente.

Em nome da liberdade, impõe-se a conformidade. É a “ditadura do relativismo” de que falava o Papa Emérito Bento XVI. É a ascensão da classe dos tecnocratas, que modelariam uma humanidade nova, enquanto eles mesmos permanecem intocados, inalterados, desimpedidos, como já prenunciava C. S. Lewis em A Abolição do Homem. Só uma visão alternativa, que arraste consigo os corações com a força da verdade, do bem e da beleza, pode fazer frente a tudo isso: uma visão do homem como imagem de Deus, digno em si mesmo, valioso, inestimável, criado para unir-se ao seu Criador. Assim entendido, o homem não pode ser controlado ou manipulado; antes, tem o direito de amadurecer, o que não vai acontecer enquanto o obrigarem a viver à base de couve.
Por: Nicholas Senz 9 de setembro de 2017 - 17:21:25
Tradução, adaptação e divulgação: Equipe CNP – https://padrepauloricardo.org


sexta-feira, 15 de setembro de 2017

E O VENTO LEVOU "E O VENTO LEVOU"...


No vendaval dos imbecis a onda é revisar a história suprimindo da paisagem símbolos inconformes com a estética do politicamente correto...

Vivian Leigh e Clark Gable, como Scarlett O'Hara e Rhett Butler.
O filme que ensinou norte coreanos sobre o amor é alvo dos racialistas que o acusam de insensibilidade racial...


Cria corvos... e eles comerão seus olhos.

O Orpheum, tradicional sala de teatro e cinema de Memphis, nos EUA, resolveu interromper a exibição anual de "Gone With the Wind" ("E o Vento Levou"), motivado pelo "vendaval de protestos" articulado pelos revisionistas politicamente corretos, que classificaram o filme como "insensível à questão racial". 

O teatro Orpheum mostrou o filme nos últimos 34 anos, como parte de sua série clássica. 

O filme é considerado uma obra prima cinematográfica, e uma fonte histórica para o entendimento da Guerra Civil Americana. 

Produzido pela Metro, o filme mostra a vida da uma jovem sulista, aristocrática, bela e petulante, Scarlett O'Hara, começando por ambientá-la em plena expansão do plantation, passando por sua sobrevivência na trágica história do sul durante a Guerra da Secessão e a luta pela reconstrução em sua propriedade. Mostra, ainda, seus casos de amor com Ashley Wilkes e Rhett Butler. Expõe o escravagismo, a exploração econômica da guerra e perda da inocência da elite sulista. 

Com mais de três horas de duração o filme consagrou Viven Leigh e Clark Gable. A obra ganhou 10 Oscars, incluindo o de Hattie McDaniel como melhor atriz coadjuvante, no personagem da escrava Mammy, tornando-se a primeira afrodescendente a ganhar um Oscar na história do cinema. 

A ação dos revisionistas não foi gratuita. O "enxame" ocorreu logo após a exibição do filme, em 11 de agosto, a mesma noite em que supremacistas marcharam com tochas em Charlottesville, Virginia. No dia seguinte, 12, enquanto ocorria a reunião "Unite the Right", o teatro recebeu o ataque de reclamações em linha, de clientes, jornalistas e cibermanifestantes nas redes sociais. 

O vendaval de denúncias versava sobre o fato do filme retratar os negros "sob uma visão romantizada do Velho Sul", o que identificaria a obra com o conflito da derrubada da estátua do General Lee. Não foi apenas um protesto. Foi uma provocação com consequências funestas para a arte cinematográfica - ainda que restrita (por enquanto) a uma sala de cinema.

Brett Batterson, presidente do Orpheum Theatre Group, temeroso das consequências e temendo atos violentos, resolveu ceder ao enxame articulado de protestos e fez um comunicado à imprensa, no qual informou que "o Orpheum revisou cuidadosamente todos os filmes do festival" e, "como uma organização cuja missão declarada é entreter, educar e iluminar as comunidades que serve", não mais mostraria "um filme insensível a um grande segmento de sua população local ".

Não faltaram, no entanto, protestos contra a atitude de auto-censura. Vários foram os comentários nas redes sociais e na imprensa classificando a atitude de vergonhosa, de representar um insulto ao elenco e equipe que produziu o filme, de considerar uma atitude de submissão à intolerância e de quebra de uma tradição de oitenta anos do próprio cinema. 

O fato é que um dos filmes mais importantes da história mundial foi "censurado" na sua própria terra de origem, em pleno século XXI e no seio de uma das mais democráticas nações do mundo. Tornou-se alvo de "banimento", pela ação coordenada de intolerantes "politicamente corretos".

A patrulha da chatura rancorosa e da infelicidade militante conseguiu, com o banimento, algo similar a outros "grandes feitos" da história, como a "queima de livros" dos nazistas, nos anos 30 ou a "limpeza de retratos", efetuada pelos stalinistas e maoistas,nos registros fotográficos das revoluções, retirando personagens que se tornavam politicamente inconvenientes da paisagem e da história.

Conseguiram, também, produzir um paradoxo contemporâneo. 

Em recente entrevista, uma refugiada norte coreana informou ter compreendido o que era o amor graças à oportunidade de assistir ao filme "E o Vento Levou", gravado em um pendrive e clandestinamente despejado naquele país pela organização "Flash Drives for Freedom", entidade de direitos humanos que, via balões, despeja centenas desses minúsculos dispositivos avidamente consumidos pela população, clandestinamente, sob pena de incorrer em crime com punições severas, determinadas pelo ditador Kim Jong-un. 

Com certeza, Kim Jong-un terá lugar reservado no panteão dos heróis politicamente corretos...

Os donos e monopolistas da verdade histórica, ao articularem o "enxame virtual", fizeram o mesmo que o "Ministério da Verdade" faria na ficção "1984", de George Orwell.

Os revisionistas provocaram a direita racista americana no episódio da derrubada de uma estátua do General Lee e atuaram contra a apresentação de um filme em um cinema. Assim, de "um em um", não tardará implodirem a estátua de George Washington em Boston ou a estatua do bandeirante escravagista Borba-Gato, na Avenida Santo Amaro, em São Paulo... 

No que tange ao Borba-Gato, aliás, os revisionistas já o fizeram - picharam vergonhosamente a estátua do bandeirante, bem como a das bandeiras, no Parque do Ibirapuera... e não faz muito tempo. O mesmo ocorreu com a obra do "racista" Monteiro Lobato, que os próceres do politicamente correto ousaram sugerir banimento das escolas...

O objetivo cristalino desta gente é revisar a história suprimindo da paisagem os símbolos inconformes com a nova estética do politicamente correto. Fazem o que fizeram os bárbaros, os nazistas, os stalinistas, o talibã... e ainda fazem o Estado Islâmico, os bolivarianos da Venezuela e o grande líder politicamente correto Kim Jong-un...

Com certeza, os racialistas militantes classificarão como supremacista e racista todo aquele que ousar protestar contra a censura ao "E o Vento Levou". 

Amanhã, quem saberá o que ou quem sobrará para protestar...

Será que permitiremos todos a vitória do duplipensar orwelliano sobre a cultura e a democracia?

Uma coisa é certa. O conflito é resultado do apoio dos imbecis ao discurso idiota do "politicamente correto", professado pelos cultivadores do rancor racialista que vegeta por aí...

Perde a cultura, a história a humanidade e a inteligência...



Por: Antonio Fernando Pinheiro Pedro, advogado (USP), jornalista e consultor ambiental. Sócio diretor do escritório Pinheiro Pedro Advogados. Integrante do Green Economy Task Force da Câmara de Comércio Internacional, membro do Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB e das Comissões de Política Criminal e Infraestrutura da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB/SP. É Vice-Presidente da Associação Paulista de imprensa - API, Editor-Chefe do Portal Ambiente Legal e responsável pelo blog The Eagle View.


quarta-feira, 13 de setembro de 2017

CASO SANTANDER: VILIPÊNDIO DE CULTO É ILEGAL, E ISSO BASTA


Discutir gayzismo e antigayzismo a propósito do caso Santander só prova incapacidade de discernir entre o confronto de opiniões e o quadro legal que o regula. Isso denota pura e simples IMATURIDADE PARA O EXERCÍCIO DA CIDADANIA. O que está em questão no episódio não são opiniões pró e contra isto ou aquilo, mas a simples TIPIFICAÇÃO LEGAL DE UM CRIME. O texto da lei é claro: “Vilipendiar objeto de culto.” Ponto final. É só disso que se trata. A lei é a mesma para gayzistas e antigayzistas, progressistas e conservadores, cristãos e anticristãos. Dissolver essa evidência numa tagarelice ideológica é trapaça, da parte do acusado, e burrice, da parte dos queixosos.

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A existência de um quadro legal que regula os confrontos de opiniões é o que define uma DEMOCRACIA. Sem o quadro legal, há só o império do mais forte. Numa democracia, todas as opiniões são lícitas, mas nem tudo o que você faz em nome delas é lícito. Posso ser antigayzista, mas não posso sair batendo em gays. Posso ser anticristão, mas não posso vilipendiar objeto de culto cristão, porque isso é crime definido no Código Penal, Art. 208.
Praticamente todos os palpites que ouvi até agora sobre o caso Santander provam ignorância dessa distinção elementar. Todo mundo enche a boca ao falar de “cidadania”, mas não tem A MENOR IDÉIA do que seja isso.

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Se para impor a obediência às leis você tem de impor também a sua crença religiosa, a obediência às leis se torna inviável. Se para livrar-se de obedecer a lei você alega sua crença gayzista, a obediência à lei tornou-se opcional.

Lei é lei, opinião é opinião. O curador da exposição Santander, Gaudência Fidelis, não entende isso. Não tem maturidade para ser cidadão de uma democracia. Muitos dos que o acusam também não têm: ao alegar opiniões morais e religiosas contra a conduta dele, em vez de ater-se ao texto da lei, transformam numa discussão ideológica o que deveria ser a pura e simples aplicação de uma lei.

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De modo geral, os brasileiros não distinguem entre lei e partidarismo, ou entre lei e preferências pessoais. A impessoalidade da lei parece-lhes demasiado abstrata, e tem de ser referendada por um sentimento ou impressão pessoal. Convidados a depor em favor ou contra um réu, não perguntam se, objetivamente, ele é inocente ou culpado. Perguntam se gostam dele ou o detestam.

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No caso Santander, uma retórica moralista só serve para debilitar a causa. O vilipêndio a culto é ilegal, e isso basta. A mais velha regra da técnica retórica é: Se você pode vencer usando um argumento, não use dois.
Por: Olavo de Carvalho 12 de setembro de 2017 - 4:07:34
Do site: http://diariofilosofico.midiasemmascara.org