terça-feira, 15 de outubro de 2013

A GANÂNCIA DOS IGUALITÁRIOS

“Eu nunca entendi porque é ganância querer preservar o que você ganhou, mas não é ganância querer pegar o dinheiro dos outros.” – Thomas Sowell

Muitos observam a disparidade de riqueza no mundo ou dentro de um país, e concluem que isso é fruto de alguma injustiça. Passam, então, a clamar por impostos que “redistribuam” melhor essa riqueza. Trata-se de um conjunto de falácias perigosas, partindo de um ponto de vista estático e materialista da riqueza.

George Gilder, em Knowledge and Power, faz uma eloquente defesa do capitalismo contra as bandeiras igualitárias. Ele explica que a ganância verdadeira vem daqueles que desejam riqueza não merecida, não criada por si próprios, ou seja, que lutam para que o estado tome à força a riqueza alheia.

Impostos elevados e progressivos, subsídios, barreiras protecionistas, bolsas e esmolas estatais, privilégios, essas são as bandeiras dos gananciosos, incompatíveis com a moralidade do capitalismo. O socialismo, em todas as suas diferentes formas, é uma conspiração dos gananciosos contra aqueles que produzem riqueza.

E a riqueza, nunca é demais lembrar, precisa ser criada. Economia não é jogo de soma zero, onde José, para ficar rico, precisa tirar de Pedro. A razão pela qual o capitalismo funciona é justamente porque a riqueza é um subproduto das mentes mais criativas e inovadores, dos empreendedores que decidem onde investir, onde alocar os recursos escassos da melhor forma.

Empreendedorismo é criar surpresas. Os críticos do capitalismo não gostam de surpresas. Preferem planejamento estatal centralizado, na mão de burocratas que seguem rotinas previsíveis e determinadas. Mas não é assim que se cria riqueza.

Quando Sam Walton abre uma loja e vai à falência, depois abre outra e inova em seu conceito, depois amplia suas apostas e cria um império comercial no sul rural dos Estados Unidos, vendendo produtos chineses mais baratos para os americanos, ele acumula uma fortuna porque surpreendeu o mercado.

Quando Howard Schultz coloca no mercado lojas de café bem sucedidas, depois sai e vê sua criação mergulhar em dificuldades em sua ausência, depois retoma o controle e garante a supremacia da Starbucks oferecendo uma multiplicidade de bebidas e comidas em um ambiente de conforto caseiro, sua fortuna vem como consequência dessa inovação.

Quando Herb Kelleher vai para o Texas para ser um advogado, acaba desenhando em um guardanapo planos para uma empresa aérea diferente na região, desafia todas as previsões pessimistas e crenças dos especialistas do setor, e cria a Southwest, que voa com menos conforto e luxo e preços mais baixos, ele acumula uma fortuna como resultado de sua criação aprovada pelos clientes.

Como esses, temos inúmeros outros exemplos. Entre aqueles 1% dos mais ricos, tão odiados pelos que alegam falar em nome dos outros 99%, temos vários casos como esses, de gente que usou a criatividade, o trabalho duro, a persistência, a visão, a paixão, para criar inovações que se mostraram favoráveis aos consumidores. A fortuna foi apenas uma recompensa pelo que eles ofereceram antes à sociedade.

Falar em exploração para descrever esse processo é um absurdo, uma completa injustiça alimentada pela ideologia marxista equivocada, ou pela pura inveja. O capitalismo é um sistema que remunera quem dá aos outros aquilo que eles desejam, não quem tira dos outros aquilo que eles já têm. A Apple é um caso claro disso. Criou a própria demanda. Não tirou nada de ninguém. Não explorou ninguém.

A crença de que a riqueza se caracteriza não por ideias, valores, códigos morais, atitudes, mas por bens materiais palpáveis, pelos “meios de produção”, que podem simplesmente ser tomados e redistribuídos, não passa de uma superstição marxista, um materialismo tacanho que ignora como a riqueza é realmente criada.

Essa visão equivocada sempre foi alimentada pelos adeptos da violência e da inveja, os gananciosos que só pensam em se apropriar do que pertence aos outros, nunca criar nova riqueza. Quando esses gananciosos violentos chegam ao poder e tomam as propriedades dos ricos, o resultado é inexoravelmente a miséria, a estagnação ou destruição de riqueza.

Colocar a Google, Microsoft, Dell, Apple, Berkshire Hathway e tantas outras empresas, assim como seus ativos e os bilhões que investem com base nas decisões de seus proprietários, sob o controle de políticos ungidos e burocratas, é o caminho mais rápido para a pobreza. Todo progresso nasce de uma minoria criativa.

Como uma nação trata seus empreendedores faz toda a diferença para seu futuro e bem-estar. Certa vez o economista austríaco e Prêmio Nobel, Hayek, disse que defenderia o capitalismo de livre mercado com mais afinco ainda se não tivesse uma única propriedade. Em última instância somos nós que “exploramos” essa minoria brilhante que inova e produz riqueza.

Se os ricos são atacados pelos invejosos socialistas ou “capitalistas de estado”, as classes mais baixas são as que mais sofrem. Nenhuma sociedade prosperou punindo os ricos para beneficiar os pobres. Impostos muito altos e forte controle estatal da economia não impedem que os ricos continuem ricos; impedem que os pobres fiquem ricos!
Por: Rodrigo Constantino   http://veja.abril.com.br/blog/rodrigo-constantino

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