domingo, 4 de setembro de 2016

UM CONFRONTO ENTRE POLÍTICAS POLICIAIS: OS FATOS AINDA IMPORTAM?

Em meio ao tumulto em Milwaukee, há também um confronto entre dois homens da lei lá – o xerife do Milwaukee County David Clarke, e o chefe de polícia da cidade Edward Flynn. Eles têm opiniões muito diferentes sobre como a aplicação da lei deve ser realizada.


O chefe Eduard Flynn expressa a visão prevalente há tempos entre aqueles que enfatizam as “causas estruturais” sociais do crime, tais como a disparidade das rendas e as desigualdades na educação, assim como a negligência da sociedade com as comunidades negras.

O chefe Flynn coloca menos ênfase na ação policial agressiva e mais no envolvimento com a comunidade e controle de armas.

O xerife David Clarke representa uma tradição oposta, na qual o trabalho da polícia é fazer cumprir as leis, com a força que for necessária, não dando desculpas para os crimes nem afrouxando na aplicação das leis, na esperança de que isso vá acalmar manifestantes. O xerife Clarke também gostaria de ver cidadãos corretos negros armados.

As diferenças de opinião na aplicação das leis são agudas e inconfundíveis – e assim têm sido por mais de 50 anos. Porém, como costumava dizer Daniel Patrick Moynihan, “você tem direito à sua própria opinião, mas não tem direito aos seus próprios fatos”.

Infelizmente, os fatos parecem desempenhar um papel extremamente pequeno em confrontos entre políticas de aplicação da lei. E isso também tem sido verdade há mais de 50 anos.

Em suas memórias, o Chief Justice Earl Warren, do Supremo Tribunal, declarou que “todos nós devemos assumir uma parte da responsabilidade” pelo aumento das taxas de criminalidade na década de 1960 porque “há décadas que temos varrido para debaixo do tapete” as condições das favelas que alimentam o crime.

Mas a dura realidade é que a taxa de homicídios no país como um todo estava indo para baixo durante essas mesmas décadas, quando os problemas sociais nas favelas eram supostamente negligenciados.

As taxas de homicídio entre os homens negros diminuíram em 18% nos anos 1940 e 22% nos anos 1950. Foi na década de 1960, quando as ideias do Chief Justice Warren e outros triunfaram, que este longo declínio nas taxas de homicídio entre os homens negros se inverteu e disparou em 89%, acabando com todo o progresso dos 20 anos anteriores.

A mesmo reversão no país em grandes taxas viu o assassinato, em 1974, mais de duas vezes maior que em 1960. Isso foi depois que a taxa de homicídios tinha sido cortada ao meio de onde ela tinha sido na década de 1930.

Tumultos nos guetos, que eclodiram na década de 1960, foram atribuídos à pobreza e à discriminação. Mas quais foram os fatos?

A pobreza e a discriminação eram piores no sul do que no resto do país. Mas tumultos nos guetos não eram tão comuns no sul.

O motim de gueto mais mortal da década de 1960 ocorreu em Detroit, onde 43 pessoas foram mortas – 33 dos quais eram negros. Em Detroit, nesse momento, a renda familiar média negra era de 95 por cento da renda familiar média branca. A taxa de desemprego entre os negros era de 3,4% e a aquisição de casa pelos negros foi maior em Detroit que em qualquer outra grande cidade.

O que era diferente sobre Detroit era que os políticos colocavam a polícia sob ordens que restringiam sua resposta a distúrbios – e alguns manifestantes diziam que “os caras estão com medo”. Foram vítimas negras que pagaram o preço mais alto por deixarem manifestantes cometerem loucuras.

Por outro lado, o prefeito Richard Daley, de Chicago na década de 1960, foi na televisão para dizer que tinha ordenado sua polícia a “atirar para matar” em manifestantes que iniciassem incêndios. Houve indignação da turma do politicamente correto em todo o país. Mas Chicago, com uma população maior do que Detroit, não teve essa taxa de mortalidade em motins.

Nos últimos anos, as políticas policiais agressivas do prefeito de Nova York Rudolph Giuliani em bairros de alta criminalidade cortaram a taxa de homicídios para baixo a uma fração do que tinham sido antes.

Mas, na Inglaterra, políticas opostas prevaleceram, com aquilo que o jornal “Daily Telegraph” de Londres se referiu como “policiamento politicamente correto”, que tem a polícia agindo “mais como assistentes sociais do que os defensores da lei e da ordem”.

Embora a Inglaterra tenha sido considerada há tempos como uma das nações mais cumpridores da lei na Terra, tumultos que varreram Londres, Manchester e outras cidades britânicas em 2011 foram praticamente idênticos aos tumultos em Ferguson, Baltimore e outras cidades americanas. A maioria dos manifestantes britânicos era de brancos, mas o que eles fizeram foi o mesmo, até atear fogo em carros de polícia.

Mas os fatos ainda importam?
Por Thomas Sowell, publicado originalmente no Townhall.com, tradução livre. 
23 de agosto de 2016 Do site: http://rodrigoconstantino.com/

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