O
Blog do Stephen Kanitz
Imaginei que o computador estivesse rodando um programa de análise de crédito, usando análise
discriminante ou correlação múltipla, algo que na mão era
virtualmente impossível.
"Estamos rodando a folha
de pagamento", para a minha grande surpresa.
Aí está um dos nós
deste país.
Em vez de usarmos
tecnologia avançada para termos vantagens competitivas,
precisamos usar tecnologia avançada para
resolvermos problemas criados pelo populismo dos assessores de
nossos políticos.
Leis trabalhistas tão complexas e complicadas, que precisamos
importar computadores para processá-los. Por isto os juros dos bancos
são elevados.
O trabalhador custa o dobro do que ele
efetivamente ganha de salário no final do mês, e por isto os produtos, e neste caso os juros, precisam
custar o dobro do que em outros países.
Devido a esta visita, percebi que
Análise de Crédito tinha um futuro, e
me especializei no assunto, e muitos vocês me conhecem pelo termometro de insolvência.
Ledo engado. Foi
quando tive a segunda grande lição sobre o Brasil.
Numa financeira, o primeiro modêlo de Credit Scoring que fiz, apontou que
era muito arriscado emprestar para a profissão de advogados. Parece que
já eles usavam a morosidade do judiciário a seu favor, e eram a
profissão que mais atrasava. Recomendei não emprestar mais para
advogados.
"Você está completamente maluco? Você quer que sejamos
processados pela OAB?"
Não se pode no
Brasil fazer análise prévia de crédito, e recusar sob experiencia estatística.
Seria considerado discriminação. Um insulto, uma afronta,
um racismo bancário. Não seria aceito culturalmente.
Por isto Bancos emprestam para todo mundo, até para advogados, e o custo dos atrasos e
inadimplência é custeado por nós todos.
Hoje 27% dos
cartões de crédito não são pagos em 90 dias, é uma verdadeira farra dos
caloteiros.
Na realidade são pagos sim, por você com estas taxas "solidárias".
Segundo, devido a praga do nominalismo economico, economistas, do mundo inteiro diga-se
de passagem, taxam com
Imposto de Renda o "juro" nominal e não o juro real.
20% de 10% de juro nominal é 2% de imposto, e se o juro real for 4%, isto significa 50% de imposto na
fonte.
Ou seja no Brasil de hoje, com juro baixo, o Imposto de Renda é 50% do custo do dinheiro,
é mais um erro brutal de política economica, causado pelo nominalismo economico, que insisto tem que ser extirpado
deste país.
Com IR sobre juros
de 50%, significa que Bancos precisam cobrar o dobro de juros, só para pagar o
Imposto de Renda do Governo Federal.
Dilma não sabe disto. Ela sabe sobre Custo de Capital, e eu a elogiei por
isto, mas ela não tem formação completa em Administração Financeira. E isto
complica bem sua Presidência.
Tem mais. Em 1995, Pedro
Malan acabou com a Correção Monetaria dos Balanços dos Bancos.
Os Patrimônios dos Bancos Brasileiros
foram congelados aos preços de 1994. Por isto parecem
tão rentáveis.
Divida o Lucro de
2011, pelo Patrimônio congelado de 1994, e o número será
enorme, e fictício.
Publicar balanços que não espelham a realidade foi considerado necessário
para acabar com a inflação. Outro absurdo do nominalismo.
Pior, pelas regras
da Basileia e do Banco Central, os bancos somente
poderão emprestar 12 vezes este patrimonio de 1994, nada mais. Foram
congelados a não emprestar.
Portanto reduzir
juros no Brasil para poder emprestar mais, não funciona, porque é proibido. Por
lei.
Por isto desde 1995
os Bancos Brasileiros mudaram seu foco para receitas de serviços, e não de
empréstimos.
Dilma e Pedro Malan não sabem disto, mas agora você sabe, e já sabia se acompanha este blog.
Querem reduzir os Juros dos Bancos ?
Não é dando muros na mesa e insuflando o povo contra Wall Street ala
Cristina Kirshner.
A culpa não é dos Bancos, que há muito deixaram de focar em empréstimos e
sim em seguros, serviços, aplicações e outras atividades mais lucrativas.
Pense.