segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

A IMPORTÂNCIA DO AUTOCUIDADO

Ontem, dia 1º de dezembro, foi o dia dedicado à luta mundial contra a Aids. Por anos seguidos tivemos campanhas, nacionais e regionais, alertando para os riscos da doença e as maneiras de evitar a infecção pelo HIV.

Pois é, tivemos uma epidemia de campanhas, mas elas foram controladas. Hoje, muitos jovens, que nem eram nascidos na época de intensas campanhas e reportagens, têm poucas informações a respeito dessa síndrome.

Como resultado, enfrentamos um crescimento de infectados com idade entre 15 e 24 anos. Esse é um bom motivo para conversarmos sobre como ensinar aos filhos o autocuidado. Você já evitou passar por uma rua que é considerada perigosa ou comer com frequência um alimento que não lhe faz bem e já se consultou com um médico sem ter sintoma algum. Essas atitudes revelam o autocuidado.

O primeiro passo para uma criança aprender a se cuidar é ser cuidada. Conheço muitas mães e pais que acham que cuidam dos filhos, mas, na verdade, eles os protegem de quase tudo. Protegem dos pequenos perigos do cotidiano, por exemplo: de cair, de subir em lugares mais altos do que conseguem, de usar objetos que podem machucar etc.

E proteger, nesses casos, se expressa de diferentes maneiras, mas quase sempre é impedir a criança de correr o risco. Há mesmo situações que crianças pequenas não devem experimentar porque elas ainda não têm condições de considerar todo o contexto para tomar o cuidado necessário consigo mesmas. Mas, em muitos casos, é preciso que elas experimentem, com supervisão atenta e próxima do adulto, para aprenderem a se cuidar, e não apenas serem protegidas dos riscos.

Vamos considerar dois exemplos: o uso de faca de verdade por crianças e a experimentação da busca do equilíbrio corporal em situações que exigem isso. A faca parece ter sido proibida para a criança. Mas, se ela não a usar, não aprenderá a ter cuidado para evitar se machucar, não é? E quando a criança se coloca em uma situação em que pode cair, talvez seja melhor segurar sua roupa, por exemplo, para poder ampará-la caso caia, para que ela tome consciência do que ainda não consegue realizar.

Aprender a ter cuidado com a própria saúde começa, portanto, muito cedo, com a criança sendo cuidada pelos pais, professores e adultos próximos, mas é a partir da adolescência que esse cuidado consigo mesmo pode começar a se realizar. Mas, para que isso aconteça, o jovem precisa, ainda, da ajuda dos adultos.

Para começar, as visitas ao médico podem passar a ser responsabilidade deles mesmos, apoiados e ainda acompanhados pelos pais, mas não durante toda a consulta. Os hebiatras sabem orientar jovens e seus pais nesse período. Não podemos ignorar a sexualidade dos adolescentes, o uso de drogas e os desafios que eles gostam de enfrentar, por isso é importante que eles tenham todas as informações necessárias para se cuidar.

A escola poderia ajudar, mas tem feito pouco nesse sentido porque sua grande –quase exclusiva– preocupação tem sido a transmissão de conteúdos. Mas informação não se torna conhecimento se não fizer sentido para quem a tem.

Promover o autocuidado é ensinar a amar a vida, a evitar riscos desnecessários, a conter a impulsividade inconsequente e a reconhecer e avaliar situações de perigo para viver da melhor forma possível.
Por: Rosely Sayão Publicado na Folha de SP

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