quarta-feira, 4 de março de 2015

A TRAGÉDIA GREGA DE HOJE

Suspeito que Yanis tenha sido influenciado pelo fato de que somente trabalhou na vida numa faculdade de Economia.


O professor de Economia guindado a ministro das Finanças da Grécia, Yanis Varoufakis, considerado o melhor indicado para negociar com os 400 bancos para quem a Grécia está devendo, saiu com esta pérola, aliás artigo, “Como me Tornei um Marxista“.

Triste começo para uma negociação, e um rápido caminho para a saída da Grécia do euro, que muitos acham que será mais um retrocesso para a Grécia, Portugal, Espanha e Itália, que poderiam ser os próximos.

Poderia até ser o fim do euro, e o começo de mais uma crise europeia.

Yanis se diz marxista porque segundo Marx:

” i) labour as a value-creating activity that can never be quantified in advance.”

Traduzindo, Marx e Yanis, que também nunca estudou Administração, acham que como não dá para determinar qual a contribuição de cada funcionário em termos de adição de valor ao produto, todos numa empresa deveriam ganhar a mesma coisa.

Muito conveniente para os funcionários menos competentes, mas a lógica não é exatamente convincente. Como os economistas ainda não sabem medir certas coisas, todos nós vamos receber igualmente.

Eu suspeito que Yanis tenha sido influenciado pelo fato de que somente trabalhou na vida numa faculdade de Economia.

Num curso de quatro anos eles não conseguem até hoje determinar o valor de contribuição de cada professor de Economia ao valor final do economista formado.

Por isto, na visão marxista, o professor de Derivativos deve ganhar a mesma coisa que o professor de História Econômica. “Nada mais justo.”

Pelo jeito, Yanis e certamente Karl Marx, nunca perceberam porque os professores de História são muito melhores do que os professores de Derivativos.

E que os melhores professores de Derivativos deixam de ser professores e vão trabalhar em banco, em vez de dar aulas.

E os professores de Derivativos que de fato dão aula são péssimos, e seus alunos fazem mega bobagens que geram crises mundiais de tempos em tempos.

Mas para Yanis, uma única observação de uma ideia maluca basta, e vamos generalizar para toda a Grécia e todo o mundo, via luta de classes.

Só que existe esta preocupação em Administração, a de dar a cada profissão o valor justo de sua contribuição final.

Até eu já dei duas destas matérias na USP, Controladoria e Contabilidade Divisional.

Temos também Administração por Resultados, Contabilidade por Responsabilidade, enfim tem muita discussão “marxista” possível, mas que não é feita nos nossos círculos marxistas.

São métodos perfeitos?

Não, mas dar o mesmo salário para todos os professores de Economia de um mesmo departamento incentiva o corpo mole, a falta de inovação nas matérias e até o parasitismo social.

Quem é aluno de uma faculdade de Economia sabe quantos economistas de dois séculos atrás são ensinados como sendo atuais hoje em dia.

Por que alguém deveria se esforçar em melhorar suas aulas num sistema marxista onde o salário é determinado pelas horas que você permanece na faculdade?

Esta é a visão de um ministro atual de Estado.

Mas a pior frase do seu artigo foi porque ele se tornou marxista.

“My personal nadir came at an airport.

Some moneyed outfit had invited me to give a keynote speech on the European crisis and had forked out the ludicrous sum necessary to buy me a first-class ticket. 

On my way back home, I was making my way past the long queue of economy passengers, taking the Fast Track lane.”

Yanis deu uma palestra de graça porque não poderia ser remunerado fora da escola, que era ilegal.

O provável banco, “endinheirado”, decidiu então pelo menos lhe dar um bilhete de primeira classe, que dá o direito ao Fast Track, e evita as longas filas de imigração da classe econômica.

“Aí percebi que estava sendo contaminado pelos privilégios do capitalismo.”

Que ingênuo este Yanis!

Dar palestras de graça para não ser pego pela faculdade não é capitalismo.Eu dou palestras e sempre negocio pagar minha passagem. Eu também não me incomodo com filas e prefiro a grana da primeira classe no meu bolso, e vou de econômica. Yanis poderia ter feito o mesmo, mas ele não fez.As filas são devido à ineficiência do Estado na imigração, não do capitalismo.Não deveria ter fila para a classe econômica nem para ninguém, mais uma vez nada a ver com capitalismo.Classe econômica sem filas requer mais funcionários públicos, mais custos, e assim seria uma classe menos econômica.No socialismo as filas são uma constante porque o objetivo é reduzir custos, e o tempo de um socialista na fila não é considerado por Marx e Yanis um custo social, mas é.Receber uma passagem de graça e dar uma aula de graça é típico do socialismo, não do capitalismo.No capitalismo tudo é transparente, “quanto você quer para dar uma palestra para os clientes do nosso banco, na Alemanha?”, e ponto final. Você se preocupa com hospedagem e passagem, faz parte do meu core business como palestrante, não do banco.

Ao contrário do que muitos de vocês estão pensando havia vários cursos de Administração na época de Karl Marx, um até em Paris, fundado por Jean-Baptiste Say.

E existem milhares de escolas de Administração, e livros de Administração que este Yanis, agora ministro das Finanças da Grécia, poderia ter cursado.

Mas não o fez.

Prefere arruinar a Grécia ainda mais porque odeia os bancos para quem fornece palestras de graça, filas na imigração geradas pelo Estado, pagamentos adicionais pelos empresários para não ficar na fila, e que não sabe negociar e cobrar pelas palestras que faz.

Um ministro que agora terá que negociar bilhões de dólares, certamente será um desastre.
Por: Stephen Kanitz

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