terça-feira, 28 de agosto de 2012

CRISE NA EDUCAÇÃO AUMENTA DESIGUALDADES


Por que, afinal, sendo a sexta maior economia do mundo, o Brasil está em 88º lugar em termos de escolaridade e índice de desenvolvimento humano? A resposta mais simples: educação. 

E na educação está faltando quase tudo, em muitos casos. A começar pela falta de vontade politica dos governantes para melhorar as condições de ensino.

Debates equivocados, muitas vezes com viés ideológico, prejudicam avaliações sobre a crise da educação no Brasil. Por exemplo, a informação de que o Brasil investe pouco em educação. Pois a China, que continua a executar um plano revolucionário e inovador na área educacional, aplica 3,5% do PIB, contra 5% no Brasil. E tem deputado demagogo que propõe passar para 10%.

O problema é de gestão. Aqui, gasta-se mal, não há avaliação criteriosa sobre os investimentos, o mérito é substituído pelas cotas, o partidarismo atropelou a indispensável isenção. No geral, por aqui, os professores em sala de aula tem menos incentivos salariais e funcionais do que os desviados para funções administrativas.

Há o dilema cultural. Pais de alunos que protegem cegamente os filhos indisciplinados e violentos agindo contra seus professores estão deseducando as novas gerações e desestimulando o magistério. Participação de pais e responsáveis em atividades escolares conta-se nos dedos. São positivas nas comunidades de descendência alemã ou com famílias bem estruturadas. Núcleos familiares dilacerados, vivendo em condições desumanas, definitivamente não tem pais ligados na educação dos filhos. E há muitos, em boa posição econômica, que simplesmente transferem a responsabilidade da educação para a escola, como se eles não tivessem o dever da formação dentro de casa.

Dados

As disparidades sociais pesam ainda mais. A tese da cientista politica Maria Tereza Sadeck, exposta no Encontro Estadual do Ministério Público, é elucidadora. Temos no Brasil “desigualdades cumulativas”. Faltando educação básica, na prática, está toda a cidadania comprometida. Por isso, no ensino fundamental, apenas 3% são tidos como plenamente alfabetizados, na faixa média 15% e na educação superior, 62%. É gigantesca a massa que se declara alfabetizada, mas não compreende o que lê.

No pragmatismo capitalista da China, o ensino primário tem um currículo martelando Chinês, Matemática, Ciências, Inglês, Educação Moral, Música e Educação Física. Em muitas escolas públicas por aqui estão ensinando abobrinhas, disciplinas fora da realidade, que provocam desinteresse acadêmico e não educam.

Salário é importante, sim senhor! Mas não é tudo. Há outras formas de incentivar os professores, com reconhecimento, premiações comunitárias e oficiais de desempenho que oxigenariam o magistério.

“A educação precisa de respostas”, proclama a nova campanha do grupo RBS. Debater, analisar e oferecer soluções já é um bom começo. Por: Moacir Pereira

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