quinta-feira, 16 de agosto de 2012

SÓ O CAPITALISMO SALVA



A presidente Dilma Rousseff montou seu governo com a visão econômica de que o Estado brasileiro seria o grande indutor do desenvolvimento, promoveria o tal desenvolvimentismo.

Mas a realidade, ufa, foi mais forte do que a visão ideológica e os slogans, e o fato de Dilma ter mudado de rumo merece aplausos. Afinal, ela não é tão rígida quanto parecia, traz nela o admirável pragmatismo de seu antecessor.

A guinada econômica à direita de Dilma é o mais claro sinal de algo que só não vê quem não quer: o Estado brasileiro, sob o comando dessa classe política de baixa qualidade, para dizer o mínimo, jamais será um catalisador do desenvolvimento do país.

Só a iniciativa privada salva o Brasil do marasmo econômico. Até os desenvolvimentistas perceberam isso.

Os slogans aqui são menos importantes. Não importa que ela e seus assessores se esforcem em negar que o governo esteja privatizando o investimento e a gestão da infraestrutura do país. É como dizer que caixa 2 não é crime ou é um crime menor (quando na verdade é o pecado original da política brasileira).

Depois de quase dois anos tentando estimular o "espírito animal" dos empresários brasileiros enquanto usava mão de ferro para controlá-los e direcioná-los, Dilma e sua equipe econômica finalmente podem ter dado o estímulo que eles precisavam.

As carências de infraestrutura do país são tão óbvias, a demanda por infraestrutura é tão grande, que, se bem conduzidas, as privatizações, perdão, concessões, anunciadas ontem por Dilma são vistas como enormes oportunidades de investimento privado.

Elas são ainda a mais clara prova da incapacidade do Estado de realizar o papel que a esquerda, no poder, lhe apregoa.
Dilma está descobrindo o que Lula descobriu já naquela carta aos brasileiros, que completa dez anos neste ano: só o capitalismo salva o Brasil (e o governo Dilma).
Sérgio Malbergier
Sérgio Malbergier é jornalista. Foi editor dos cadernos "Dinheiro" (2004-2010) e "Mundo" (2000-2004), correspondente em Londres (1994) e enviado especial da Folha a países como Iraque, Israel e Venezuela, entre outros. Dirigiu dois curta-metragens, "A Árvore" (1986) e "Carô no Inferno" (1987). Escreve às quintas no site da Folha.

Nenhum comentário: