terça-feira, 28 de agosto de 2012

USA E AMÉRICA LATINA


Estados Unidos: eleições presidenciais, América Latina e Cuba

O exemplo mais desastroso da aposta obamista em prol dos pseudo “moderados” foi o apoio de Obama ao então presidente Lula, do Brasil, a quem chegou a elogiar como um modelo de aliado confiável.

1. As eleições presidenciais nos Estados Unidos, que se realizarão no próximo 06 de novembro, despertam natural interesse na América Latina e especialmente no Caribe, na ilha-cárcere de Cuba, no que diz respeito à política externa do próximo governo. Pela gravitação natural que os Estados Unidos continuam tendo nas Américas, o futuro político da América Latina em boa medida depende dos resultados das próximas eleições presidenciais norte-americanas.

2. Nesse sentido, o panorama é preocupante. A impressão que se tem da política do presidente Obama para com a América Latina é a de que o governo norte-americano navegou à deriva em todos esses anos, sem rumo definido, sem bússola, se deixando levar às vezes pelas correntes de superfície e, outras vezes, pelas correntes subterrâneas que continuam movendo-se no continente, em um sentido desagregador e esquerdizante.

3. O populismo chavista se expandiu quase sem obstáculos por vários países da região, alentando abertamente o anti-norte-americanismo, e o presidente norte-americano o máximo que fez para se opor diplomaticamente foi adular os mandatários esquerdistas “moderados”, apresentando-os como uma alternativa aos “radicais”. O exemplo mais protuberante e mais desastroso dessa aposta obamista em prol dos “moderados úteis” foi o apoio de Obama ao então presidente Lula, do Brasil, a quem chegou a elogiar em foros continentais como um modelo de mandatário sério e de aliado confiável.

4. Na realidade, o “moderado” presidente Lula não fez outra coisa senão fazer um trabalho de sapa contra os Estados Unidos e desalentar na América Latina as reações que surgiram contra o chavismo e o castrismo. Com isso, com a aprovação de Obama, Lula, assumindo o papel de pseudo “moderado”, dedicou-se a pavimentar o caminho aos “radicais” anti-norte-americanos. Sua sucessora no cargo, a também “moderada” presidente Dilma, no que diz respeito à Venezuela, Cuba, Bolívia, Equador e, mais recentemente, no que há em relação ao Paraguai, não fez senão continuar essa lamentável política externa lulista. O governo Obama, então, simplesmente deixou o campo livre para neo-imperialismos de péssima orientação em política externa, que se delinearam na região.

5. Porém, é preciso dizer que o desastre da política norte-americana para com a América Latina e o Caribe não foi um triste privilégio do governo Obama. A falta de rumos e de visão política dos sucessivos governos norte-americanos com relação à nossa região parece ser crônica, e essa espécie de estrabismo afetou tanto a democratas quanto a republicanos. Por esse motivo, não temos a priori nenhuma ilusão com o que o candidato presidencial republicano possa fazer de positivo com relação à América Latina. É preciso verificar, nas próximas semanas, quais serão as propostas que esse candidato republicano poderá apresentar para a região. Fazemos votos para que essas eventuais propostas sejam sólidas, inteligentes e praticáveis, porém, como foi dito, sem ilusões.

6. Na América Latina existem influentes correntes de centro e de direita partidárias da liberdade, do sistema de propriedade privada e da instituição da família. Essas correntes estão representadas nos mais variados setores da vida de seus respectivos países, sejam políticos, econômicos, educacionais, jornalísticos, institucionais, etc. Nada seria mais fácil para um candidato presidencial norte-americano do que elaborar um plano de ação que tivesse como um objetivo primordial estabelecer pontes culturais e diplomáticas com essas correntes de centro e direita latino-americanas, que são naturais aliadas de correntes similares existentes hoje, com notória pujança, nos Estados Unidos. Por que até o momento praticamente nenhum governo norte-americano adotou medidas tão simples como essas, que redundariam, mesmo que indiretamente, em um freio aos “radicais” castro-chavistas do continente e em uma merecida desmoralização de seus mais eficazes aliados, os “moderados úteis”?

7. Essa omissão governamental norte-americana para com a América Latina constitui um incógnita. E qual é o modesto objetivo, ao levantar esses assuntos, e lançar algumas respeitosas sugestões na linha da aproximação do melhor e mais saudável das forças vivas dos Estados Unidos e América Latina? Nosso modesto objetivo é simplesmente o de contribuir a preparar as condições para que no final se concretize a aspiração de estabelecer essas pontes culturais entre setores de centro e direita dos Estados Unidos e da América Latina, que poderão afastar decisivamente os países da região do prejudicial eixo de gravidade esquerdista que predomina atualmente.

Destaque Internacional - Ano XIV - nº 363 - 27 de agosto de 2012. Editorial interativo. O presente texto pode ser difundido livremente, inclusive sem citar a fonte.

Tradução: Graça Salgueiro

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