segunda-feira, 2 de julho de 2012

SEM ESCOLA, NÃO HÁ CIDADANIA

A política é a média cívica de um povo: quanto mais alta, maior a consciência democrática; quanto mais baixa, menor o apreço republicano. Não há dúvida de que os costumes nacionais estão sofrendo com dura invernada; quando pensamos que chegamos ao limite do tolerável, a audácia do abuso faz com que as cercas caminhem durante a madrugada. E, de garrote em garrote, a honra vai sendo usucapida pela contumácia da imoralidade. A degenerescência ética é tamanha, que o malufismo foi regenerado das cinzas, vindo a merecer foto colorida em ambiente de festa. Ora, o exemplo paulistano é claro indicativo de que, no atual jogo político, vale tudo, mesmo que o “tudo” seja um nada moral. Ou seria um tudo imoral? Enquanto a resposta não chega, precisamos ir adiante. Apesar de todas as agruras e dificuldades, este é o país que temos que ajudar a consolidar os preceitos de uma nação verdadeira. E não existe formação cívica sem Ensino Fundamental. Daí o porquê de termos que investir urgentemente em escolas e valorizar o trabalho dos professores. Afinal, a escola é um lugar santo, capaz de levar o milagre do afeto a crianças que não tiveram a graça de um lar com amor. Na escola, se aprende a amizade, o dever de respeitar o mestre e a responsabilidade de fazer a lição. Nesse ambiente construtivo, a criança vai compreendendo gradativamente a complexidade da vida para que, lá na frente, tenha condições de colaborar para um mundo melhor e uma humanidade mais digna. A escola pública foi demolida no Brasil. Em questão de décadas, a arte de ensinar foi reduzida a pó, e o professor condenado a um salário aviltante. O inacreditável dos fatos é que a escola pública foi demolida no Brasil. Em questão de décadas, a arte de ensinar foi reduzida a pó, e o professor condenado a um salário aviltante. Nesse clima de arrocho, o aluno foi esquecido e o futuro da criança tornou-se opaco. Por que e para quê? Será que o país ficou mais sábio com a desestruturação do ensino público? Ou será que a intenção era a de justamente proliferar a miséria da ignorância para que o povo pense que a urna é uma cartola para tirar coelhos? Afinal, quanto menor o espírito crítico de um cidadão, mais fácil se torna manobrá-lo, fazendo do embuste um instrumento de acesso ao poder. Aqueles que tiveram a sorte e a graça de pais com condições podem, naturalmente, buscar o socorro do ensino privado. Sabidamente, no entanto, a via privada é exceção, sendo um primeiro dever dos governos resgatar imediatamente a dignidade do ensino público. O problema é que fazer escola nem sempre dá voto, pois o saber desnuda a mentira dos demagogos. Eis a sinuca de bico da democracia brasileira: apenas temos projetos eleitorais passageiros, mas não temos um ideal permanente de nação. Nesse contexto, a política enterra e só o ensino é capaz de salvar. Investir na criança é acreditar no milagre da vida, pois educar é construir um futuro melhor. Mas será que para a política o melhor não é o pior? Por: Sebastião Ventura Pereira Da Paixão Jr Fonte: Zero Hora, 28/06/2012

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