domingo, 21 de outubro de 2012

A PERSEGUIÇÃO DO CAPITAL


Com a degradação das altas esferas da educação e o profundo ativismo dos ambientalistas, o futuro não pode mais ser facilmente delineado.


Pouco mais de cem anos atrás, Gustave Le Bon escreveu: “Um líder raramente segue a opinião pública; quase sempre ele se abraça a todos seus erros”. Nos dias de hoje, nossos líderes cada vez mais seguem pesquisas em vez de princípios. De certo modo eles não são tão líderes como são aqueles citados anteriormente. Foi o escritor dinamarquês Søren Kierkegaard quem fez uma objeção do “público” como conceito. Ele denominou-o como uma espécie de fantasma, “uma abstração...”. Na realidade, a política é o objetivo de algumas minorias que simulam a fala “do povo”. E algumas dessas minorias se especializam na perseguição ao capital.

Como Le Bon explicou, “capital é trabalho – seja material ou intelectual – acumulado”. Mais adiante ele afirmou: “É o capital que livrou o homem da escravidão da Idade Média, e sobretudo, da escravidão da natureza e ele constitui nos dias de hoje a base fundamental de toda a civilização”. De qualquer modo, é o capital intelectual da modernidade que merece boa parte dos créditos. Mesmo assim, o capital e os capitalistas são sempre aqueles que sempre são culpados quando algo dá errado. Nos disseram que o capital não vale o quinhão que lhe é atribuído. Mesmo assim, devemos perguntar se haveria qualquer quinhão para distribuir se não fosse pelo capital.

O ataque ao capital – e consequentemente à própria civilização – agora se encampa nas boas agências e departamentos da “democracia”. Por conta dos princípios do livre mercado serem difíceis de compreender para um cidadão médio, como um eleitorado composto de homens médios evitará o chamado da sirene para linchar os capitalistas e saquear seus capitais? Pode-se ganhar centenas de eleições em favor do capital, mas para o desastre se materializar, basta apenas uma eleição contra o capital. Além disso, não devemos esquecer da possibilidade da “morte pelos mil cortes”.

O perigo real da democracia, escreveu Le Bon, reside nos inevitáveis excessos orcamentários. Assim, Le Bon explicou em seu livro Psychology of Socialism que a “...democracia está destinada a tornar-se o mais caro de todos os sistemas de governo”. A prodigalidade do governo democrático agora é famosa e irrefutável. De acordo com Le Bon, o voto universal sempre tende a resultar em: “desastrosas promessas de subsídios; criação de empregos supérfluos e o desmedido crescimento do setor público […] No Parlamento, eles retribuem a generosidade prometida, ocupando-se por beneficiar seu eleitorado, à custa do orçamento...”

Talvez o exemplo mais notável disso esteja na Califórnia, a maior economia dentre os 50 estados. De acordo com uma notícia no site Breitbart.com, “Êxodo: Carga tributária na Califórnia atinge 22%”, o “Estado de Ouro” (Golden State) está matando a galinha que botou os ovos de ouro. As mentes medíocres que governam a Califórnia estão agora propondo o aumento dos impostos para compensar a queda na arrecadação (veja Jerry Brown’s California Tax Increase Initiative para mais detalhes). Eles não entendem que a alta tributação pode matar milhares de negócios. E isso é exatamente o que está acontecendo na Califórnia.

Como observado pela California Taxpayers Association, “a Califórnia é um estado de alta carga tributária, com uma das mais altas taxas sobre vendas, ganhos pessoais e empresas de toda a nação”. O estado tem a maior tributação sobre vendas do país inteiro (7, 25%); a segunda maior tributação sobre a gasolina de todo o país (48,6% por galão); a segunda maior tributação sobre ganhos pessoais com 10,3%; a maior taxa sobre ganhos corporativos de todo o Oeste; e apesar da Proposição 13, as taxas sobre propriedade na Califórnia posicionam o estado no 14º lugar.

Como consequência dessa tributação e por conta de outras regulamentações, o estado da Califórnia perdeu 4.600 empresas no ano passado e é o pior gerador de empregos entre os 50 estados. Após a Bing Energy sair de Chino na Califórnia para a Flórida, o prefeito da cidade californiana foi citado no Los Angeles Times dizendo: “Eu entendo completamente porquê eles saíram. Com um governador Democrata eleito, além de todas as restrições ambientais, banco de horas e folgas dos trabalhadores, impostos sobre vendas e taxas sobre licenciamento de veículos... As companhias estão saindo aos montes...”. Quanto ao investimento na Califórnia, considere a matéria de Wendell Cox para o Wall Street Journal Online, ‘Califórnia declara guerra à classe suburbana’. Wendell explica porque a Califórnia está em direção a um penhasco fiscal. Os políticos daquele estado declararam guerra às famílias com casa própria “tudo em nome da salvação do planeta”.

O custo da regulamentação ambiental representa uma taxa oculta de força de destruição incalculável. O ambientalismo é uma arma com a qual se golpeia o empreendedorismo no seu cerne. Considere, por exemplo, o Global Warming Solutions Act assinado pelo ex-governador da Califórnia Arnold Schwarzenegger. É uma guerra declarada ao consumidor, corporações e indústrias, pois é contra a energia barata e a sólida economia. E tudo isso tornou-se inevitável – ou até mesmo imparável – por conta de um eleitorado que foi persuadido a cometer suicídio por causa de uma falsa teoria.

Com a degradação das altas esferas da educação e o profundo ativismo dos ambientalistas, o futuro não pode mais ser facilmente delineado. Com uma economia já estagnada, frágil e pouco disposta à recuperação, colocou-se a tarefa de resolver problemas sociais e ambientais que ou não existem ou não podem ser solucionados pelo governo. O que está sendo completamente negado é o serviço provido pelos capitalistas que reduzem o custo de produção e beneficiam a humanidade nesse processo. “Perseguir o capital”, disse Le Bon, “é forçá-lo a desaparecer ou se esconder e, ao mesmo tempo (e na mesma tacada), matar a indústria, de modo que ela não aguentaria mais se sustentar, suprimindo assim os investimentos.”

Atualmente podemos ver que estão matando o setor industrial, os investimentos estão sendo suprimidos e o capital está sumindo ou se escondendo. Se quisermos reverter essa tendência, devemos nos opor à perseguição ao capital. Ao contrário, devemos defender o capital e a liberdade necessária para acumulá-lo.

Por:  JEFFREY NYQUIST Publicado no Financial Sense.

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