quinta-feira, 5 de abril de 2012

Israel x Irã: menos "aliados", mais inimigos

Khamenei é muito mais perigoso e mais capacitado que Ahmadinejad para formar novas alianças, como a já iniciada com o Egito. O Irã afirma que ajudará a qualquer país que lute contra Israel. Como afirmei no artigo anterior, Obama rejeitou qualquer atitude mais efetiva em relação ao Irã, dizendo que novas “ações diplomáticas” ainda podem surtir efeito. Tal como Chamberlain em 1938 o queniano que preside os Estados Unidos prefere ações pacifistas. Com a enorme diferença que Chamberlain, ao que tudo consta, acreditava piamente em Herr Hitler, mas Obama sabe muito bem com quem está tratando, mas prefere negociar porque não se considera intimamente comprometido com o estado judeu. Pelo contrário, ao que tudo indica, é muçulmano e implicitamente prefere uma vitória do Irã que o livraria da chatice de ter que dialogar com Netanyahu ou outros líderes judeus. Por outro lado, até os grãos de areia do Saara sabiam que a “primavera árabe” nada mais era do que a tomada do poder pelos fundamentalistas islâmicos em todos os países no entorno de Israel. Além dos mal intencionados que sabiam do que se tratava, só os tolos e idiotas úteis, que vibraram com o “fim das ditaduras” árabes e a queda dos terríveis ditadores Mubarak, Kadhafi, e ainda torcem contra Assad, comemoraram a vitória destes movimentos antissionistas. Após a revolução que derrubou Mubarak as relações entre Egito e Israel se deterioraram. A Fraternidade Muçulmana, apesar de dizer que respeitará os Acordos de Camp David, não descarta negociar aquelas partes que considera “humilhantes” para o Egito. O Parlamento votou a favor da deportação do embaixador de Israel, Yaakov Amitai e a retirada do embaixador egípcio em Israel, já que “o Egito, após a revolução, nunca será amigo da ‘entidade sionista’ (note-se o uso desta terminologia que tinha acabado no Egito desde a paz selada por Begin e Sadat), o inimigo número um da nação árabe, e pediu um boicote por parte dos países árabes às companhias que fazem negócios com Israel como “apoio à resistência palestina”. O presidente do Parlamento, Saad al Katatni, formou um comitê parlamentar para monitorar as demandas exigidas do Executivo, como informou o jornal Al Masry al Youm. Estas exigências incluem a revisão de todas as relações e convênios com “este inimigo” que representa uma ameaça verdadeira para a segurança e os interesses nacionais egípcios. Além de exigir o fim imediato da exportação de gás, ainda sugere que o país deveria rever sua posição de subscritor do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP) até que Israel o subscreva também. O historiador libanês Kamal Salibi afirmou que os árabes não são bons na guerra. Se pudessem guerrear como, por exemplo, os russos, Israel teria deixado de existir há muitos anos, nem teria comemorado seu primeiro aniversário [1]. “A Síria e o Egito tentaram três vezes e a Jordânia duas. O Hamas e OLP há décadas fustigam Israel com guerrilha, terrorismo e ataques de baixa densidade de foguetes, mas jamais chegaram sequer perto de ameaçar a existência de Israel”. No entanto, a ameaça agora não é de um país árabe mal armado, mas de um Irã com capacidade de ataques de grande densidade com armas nucleares. Ninguém se engane que a derrota de Ahmadinejad perante Ali Khamenei, que conseguiu maioria no Majlis, mudará alguma coisa para melhor: só conterá, talvez, as diatribes furiosas do primeiro contra Israel, mas Khamenei é muito mais perigoso e mais capacitado a formar novas alianças, como a já iniciada com o Egito. O Irã afirma que ajudará a qualquer país que lute contra Israel. Não ficou claro se exportaria armas ou expertise nuclear, mas dada a ameaça do Parlamento egípcio de rever o TNP, é bem possível. Enquanto isto, a guerra de nervos prossegue: Netanyahu ameaça a toda hora atacar o Irã, mas como disse Bernard Shapiro [2] numa entrevista ao site Accuracy In Media: “Estou farto de israelenses, americanos – todos que falam demais! Se tenciona atacar o Irã, faça-o logo. Não fiquem falando sem parar de uma forma desagradável e nauseante! Por seu lado o Irã novamente ameaçou ontem (18/03) o fechamento do Estreito de Hormuz: o Ministro da Inteligência, Ali Falahian, afirmou que os EUA e a Europa devem esperar respostas duras do Irã, como o fechamento do Estreito, às sanções, principalmente o corte de relações com os bancos iranianos[3]. Como já escrevi antes, é muito mais ameaças visando relaxamento de sanções, pois existem na área quatro porta-aviões nucleares americanos e franceses e mais de uma dúzia de caça-minas e helicópteros com a mesma finalidade dos dois lados do estreito. ESCRITO POR HEITOR DE PAOLA INTERNACIONAL - ORIENTE MÉDIO